"Quando a gente sai de casa para assumir o serviço, não sabe o que vai encontrar. Pode ser um dia tranquilo e pode ser que aconteça de tudo. Como no dia [do incêndio] no Lar Paulo de Tarso, mais cedo, teve um ônibus incendiado e, à noite, a tragédia”.

A frase é do cabo Hugo Rocha, do Corpo de Bombeiros, que atuou no socorro às vítimas do incêndio no abrigo Paulo de Tarso, na Zona Sul do Recife, que resultou na morte de cinco pessoas, sendo quatro delas crianças.

No Bom Dia PE, o coronel Wagner Pereira se emocionou ao falar sobre a profissão.

A dedicação deles foi posta à prova em, ao menos, três episódios recentes: os ataques de tubarão registrados entre fevereiro e março, o incêndio no abrigo Paulo de Tarso e o desabamento do Edifício Leme no fim de abril.

O cabo Hugo Rocha conta que chegou ao local quando a ocorrência “estava no auge”.

“Tinha algumas pessoas já retiradas, chamas altas, e a gente ainda retirou sete crianças lá dentro. O preparo profissional, técnico e mental tem que andar junto”, afirma o bombeiro.

Hugo lembra ainda que, quando era criança, estudava numa escola próxima a um quartel do Corpo de Bombeiros - o que foi importante para ele seguir na profissão.

“Sempre passava pela frente [do quartel], de ônibus, e imaginava estar ali. Queria entrar, mas tinha medo de alguma punição”, diz.

Riscos no mar

Ex-policial militar, o sargento André Mendonça atuou no resgate da adolescente de 14 anos mordida por um tubarão na praia de Piedade, no dia 6 de março.

O guarda-vidas lembra que também teve que tirar o banhista que insistiu em entrar no mar no mesmo dia do incidente.

“Por incrível que pareça, isso é comum. Nesta semana ainda, teve gente que foi contra a minha indicação para não entrar, mas, por estar alcoolizada ou sob efeito de substâncias, ou até pelo desafio da adrenalina, adentra a água. E a gente é obrigado a tirar usando a força”, afirma.

Companheiro de todas as horas

Uma figura que exerce um papel essencial em grandes desastres é o cão farejador. Em Pernambuco, há 17 desses animais, sendo a maioria labradores, que participam de operações de salvamento.

O cabo Eduardo Trajano nunca se separa da sua dupla, Tobby, de quem é tutor desde filhote. Os dois estavam no trabalho de buscas das vítimas do desabamento do Edifício Leme, na noite de 27 de abril.

“Ele é companheiro 24 horas. Está nos momentos fáceis e difíceis. É uma satisfação enorme [trabalhar com o cão]”, descreve.

O cabo conta que, no dia da tragédia, o cachorro encontrou duas das seis vítimas que morreram no local.

“O calor estava enorme e o cão sente muito isso. A gente faz uma varredura. O cão sai de cena, os bombeiros entram junto com a Defesa Civil e tiram mais escombros de cima. Depois, a gente relança o cão. Nisso, pode ser que ele encontre um odor e possa indicar [o lugar onde está a vítima]”, explica.

Bombeiro e repórter se emocionaram

O bombeiro Wagner Pereira se emocionou durante uma entrevista ao vivo no Bom Dia PE desta quinta (4). Enquanto contava sobre o que fez ele escolher a profissão, o coronel não segurou a emoção e também levou às lágrimas a repórter Bianka Carvalho, que o entrevistava.

Wagner Pereira foi um dos bombeiros que fez o resgate das vítimas do desabamento de oito dos 16 apartamentos do Edifício Leme, no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda, no Grande Recife, que deixou seis mortos e cinco feridos no dia 27 de abril.

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