Um grupo de ex-comandantes-gerais e ex-oficiais da Brigada Militar realizou na manhã desta segunda um protesto contra a venda do Ginásio da Brigada Militar, na esquina das avenida Ipiranga com a rua Silva Só, no bairro Santa Cecília, em Porto Alegre. Houve um abraço simbólico ao prédio construído para abrigar os Jogos Mundiais Universitários de 1963 e que cujo telhado ficou destruído em um temporal em outubro do ano passado.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) pretende leiloar o imóvel junto com o complexo que reúne o Comando de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS) e Escola de Bombeiros, situado ao lado, na esquina das ruas Silva Só e Felipe de Oliveira, ambos valorizados em termos de localização imobiliária e comercial. Integrante do colegiado dos 24 ex-comandantes-gerais da BM, o coronel da reserva Nilso Narvaz condenou a intenção do governo em desfazer do patrimônio histórico da BM que, assegurou ele, atende a corporação e sociedade, além de outras instituições.
“É um patrimônio que não pode ser vendido. Há tratativas de comercialização com particulares. Há interesses comerciais e não sei se outros também”, afirmou o ex-comandante-geral da BM no governo Jair Soares. “Vamos lutar contra isso. Vamos lurar com tudo o que pudermos. Esse governo terá o troco politicamente e moralmente. Faltando poucos meses para o final do governo querem se desfazer do o patrimônio ”, garantiu. “Se necessário for, a luta será judicial”, observou. “Para nós, antigos e saudosistas, a modernidade deve vir não pela destruição mas sim pela construção”, complementou o coronel da reserva Elvio José Oires, que participou junto do ato.
O coronel da reserva Nilso Narvaz lembrou que o prédio foi “construído em menos de 100 dias” com mão-de-obra dos próprios brigadianos – “sargentos, cabos e soldados” – e com tijolos da antiga olaria da instituição. “Estamos revoltados e indignados. Pretendemos reverter a situação que nos parece draconiana para nossa sociedade e população”, desabafou.
Já sobre a venda do complexo que reúne o Comando de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul e Escola de Bombeiros, a Associação de Bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul (ABERGS) emitiu recentemente uma nota oficial na qual posiciona-se contrária a venda do patrimônio da corporação. “Somos contrários, pois o CBMRS está com dias de emancipação da BM. Lutamos pela nossa independência ao longo de décadas, para agora, que temos autonomia gerencial, vender nosso principal patrimônio”, declarou.
A ABERGS também se manifestou contra a venda do Ginásio da BM. “Este centro de capacitação física tem um potencial imensurável de atender a toda sociedade gaúcha a partir de projetos sociais e de inclusão através do esporte”, assinalou. A ABERGS defendeu a permanência do CBMRS na rua Silva Só. “Em decorrência de suas dimensões, bem administrada, poderá propiciar ao Corpo de Bombeiros a construção de instalações nessa mesma área, de todas dependências físicas necessárias e imprescindíveis ao fortalecimento da instituição”, enfatizou.
A entidade destacou ainda que a área destinada, no Centro Estadual de Treinamento Esportivo (CETE), no bairro Menino Deus, não é a mais adequada. “Somos contrários, pois a SSP não informa a sociedade, em especial aos usuários do CETE que assim que o Corpo de Bombeiro for deslocado para aquele local, a área ocupada torna-se militar, sendo seu acesso restrito, somado a poluição sonora e ambiental causada pelas viaturas e queima de material combustível e deslocamentos de tropas, em especial durante os cursos de formação e capacitação”, alertou na nota oficial. “O gaúcho tem por tradição defender sua história, seu patrimônio cultural, e o atual governo estadual está acabando com os principais valores e a cultura de seu povo”, concluiu.
Fonte: Correio do Povo / Alvaro Grohmann