Uma nova – e polêmica – regulamentação turbinou o debate sobre os limites do voluntariado. Recentemente, o Corpo de Bombeiros criou regras para uniformizar o trabalho de centenas de gaúchos e gaúchas, todos bem intencionados e merecedores de aplauso pela dedicação de tempo e energia a uma causa tão nobre, sem receber qualquer remuneração direta por isso.
Os bombeiros voluntários cumprem um papel importante e, justamente por isso, merecem atenção. A nova regulamentação exige que as prefeituras façam convênios com o Estado. De acordo com a instituição, o objetivo é, em primeiro lugar, mapear a realidade e, depois, oferecer treinamento e qualificação. É uma boa medida, mesmo sabendo que, em várias localidades, o serviço é antigo, estruturado e funciona bem. São esses que mais reclamam das novas exigências. Mesmo compreendendo as razões e o anseio por independência, é preciso pensar no Estado de uma forma mais ampla. Nem todos os bombeiros voluntários têm o mesmo padrão de qualidade.
O voluntariado tem limites, nessa e em outras atividades. Ser bombeiro exige técnica apurada e, por isso, necessita de uniformidade de procedimentos e de treinamento constante e adaptado às circunstâncias locais. A vegetação de uma mata gaúcha, por exemplo, é diferente de uma chilena. Por isso, mesmo que gerem reação, as novas regras, em princípio, são positivas para o Estado. Depois de se separar da Brigada Militar, o Corpo de Bombeiros vem mostrando à sociedade disposição para assumir real responsabilidade pela funções que lhe cabem realizar ou fiscalizar. Saber quantos bombeiros voluntários existem, onde estão e trabalhar para que todos tenham os conhecimentos necessários para atuar é uma forma de salvar vidas e de preservar a natureza. Bombeiros atendem acidentes, apagam incêndios em florestas e beiras de estradas, realizam buscas e salvamentos, resgatam animais do meio de queimadas. Para isso, precisam de uma série de conhecimentos, que vão da química ao comportamento do vento. Eles servem não apenas para ajudar aos outros, mas para proteger a si mesmos. Por isso, são fundamentais.
Imagem: Marcelo Casagrande / Agencia RBS