A morte do turista gaúcho de 51 anos na tarde da terça-feira (24) na praia de Canasvieiras, em Florianópolis, acendeu o alerta para a formação de buracos, algo incomum naquela região. A suspeita dos bombeiros é que a causa tenha sido as obras de engordamento da faixa de areia.
Considerada uma praia tranquila, os guarda-vidas registraram outras cinco ocorrências de arrastamento no mesmo dia, todas em decorrência dos buracos. A área onde o turista se afogou fica próxima à obra de engordamento da faixa de areia e não possui posto de guarda-vidas.
Segundo o tenente Leonardo Felipe Ardigó, responsável pela operação dos guarda-vidas no Norte da Ilha e um dos bombeiros que socorreu as vítimas de afogamento, o aterramento mudou a situação do mar no local.
Com a condição agitada das águas e do vento, foram notados buracos em toda a extensão da praia, algo que, segundo ele, é incomum em Canasvieiras.
Área do afogamento não tinha bandeira vermelha
Próxima ao Bar do Pirata e distante 400 metros das obras de engordamento, a região do afogamento do turista não tinha bandeiras vermelhas, que sinalizam perigo. O local estava bastante movimentado, segundo relato dos bombeiros.
A vítima fatal estava acompanhada da filha e do genro. Os dois foram resgatados com vida pelos próprios banhistas que estavam ali.
O fato causou preocupação aos bombeiros. Na praia de Canasvieiras atuam três guarda-vidas, que fazem as rondas por toda a extensão da praia. Segundo o tenente Ardigó, até o momento não houve orientações por parte da prefeitura sobre uma possível formação de buracos na praia em decorrência das obras.
Desde o início da operação de verão, em novembro, este foi o primeiro caso de afogamento com morte registrado em Canasvieiras.
Com o afogamento, a previsão é de que mais guarda-vidas sejam deslocados para a praia. Nesta quarta-feira (25), já havia um bombeiro a mais atuando na região.
Obra de engordamento já dura cinco meses
Voltada para a ampliação da faixa de areia em Canasvieiras, as obras de engordamento começaram em agosto deste ano. O trecho que recebe as obras está localizado entre a saída do Rio do Brás até Canajurê. Essa distância equivale a 2.300 metros de extensão.
Foram investidos pela prefeitura da Capital R$ 10,5 milhões, e a obra deve ser entregue nas primeiras semanas de janeiro de 2020.
Bombeiros alertam para o risco de afogamentos
O risco de afogamentos é o maior quando há buracos ou correntes. Nestes casos, existe a sinalização por meio das bandeiras sobre os perigos. A bandeira vermelha, por exemplo, é sinal de que o local não é adequado para banho.
“As pessoas devem ficar atentas a isso e procurar ficar próximas aos postos de guarda-vidas. Caso haja necessidade de salvamento, eles prestam o atendimento mais rápido”, alerta o tenente Leonardo Felipe Ardigó.
Outra orientação dada pelo tenente é em caso de afogamento em correntes de retorno. Segundo ele, não se deve nadar em sentido contrário (em direção à faixa de areia), mas sim lateralmente, para conseguir sair da correnteza. Isso evita que o banhista fique cansado mais rapidamente.
Contraponto
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Florianópolis, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.