As primeiras informações de quinta-feira davam conta de que a passagem do furacão Matthew tinha devastado o Haiti. No início da noite, fontes oficiais do governo haitiano chegaram a um número arrasador de mortos. Já durante a madrugada desta sexta-feira, o senador Hervé Fourcand confirmou a agência AFP que o número ultrapassa os 300 óbitos. O acesso às zonas mais afetadas continua sendo difícil e dificulta a avaliação do número exato de vítimas.

Cerca de 30 mil pessoas estão em abrigos. Em St. Augustine, um balneário fundado no século XVI no litoral leste, o maior dos abrigos já estava no limite de sua capacidade de 500 pessoas, espalhadas em colchonetes na quadra de basquete. São, especialmente, crianças e idosos.

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A cidade mais atingida é Jérémie, capital do estado de Grande Anse. Lá, de acordo com a ONG Care, 80% das construções estão destruídas.

— As pessoas em breve ficarão sem alimentos e dinheiro — afirmou Jean-Michel Vigreux, diretor da Care no Haiti.

A força de Matthew assusta. O furacão já está classificado na categoria 4, quando os ventos atingem velocidade de 250km/h. A previsão é de que ele chegue à Flórida, nos Estados Unidos, com a mesma força com a qual passou pelo país mais pobre das Américas. 

Mais de dois milhões de norte-americanos foram chamados para evacuar Flórida, Geórgia e Carolina do Sul. Desses, 1,5 milhão de moradores da costa leste da Flórida receberam a orientação de deixar o litoral.

No início da noite desta quinta-feira, os postos de gasolina na costa já não tinham mais combustível; os supermercados esgotaram seus estoques de bateria, lanterna e outros itens de primeira necessidade; os hotéis não tinham mais quartos; e conseguir alimentos enlatados já era tarefa praticamente impossível.

Nos balneários de Jacksonville Beach e Atlantic Beach, dirigir se tornou perigoso. O vento e a chuva forte já tinham chegado à região. As cidades estavam desertas. Segundo o Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês), o impacto na Flórida será "potencialmente desastroso" e "os ventos nos prédios altos serão, em média, uma escala mais alta aos ventos na superfície".

* Fonte: Zero Hora  Foto: Nicolas Garcia / AFP