Quatro dias após o início do incêndio, o Corpo de Bombeiros deu por controladas as chamas que atingiram uma área florestal particular próximo à Lagoa da Fortaleza, em Cidreira. Pelo menos 1,2 mil hectares de plantação de pinus foram consumidos pelo fogo, alimentado pelo forte vento no Litoral Norte.

A empresa proprietária da área, a Celulose Irani, controlada pelo Grupo Habitasul, foi notificada por técnicos da Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente (Fepam). De acordo com o órgão, a empresa é licenciada para o plantio de pinus com manejo de condução da regeneração natural — prática que acumula no solo maior volume de material combustível, o que dificultou o combate ao incêndio. A Celulose Irani tem 30 dias para entregar à Fepam um relatório com todas as medidas executadas e propostas para minimizar o impacto após o incêndio.

— Este relatório com informações que serão fornecidas pela empresa será comparado com vistorias que já foram realizadas pela Fepam e outras que serão feitas nos próximos dias. A partir disso, verificaremos os danos de solo e a melhor forma para recuperar o local. Estamos acompanhando a situação, mas por enquanto não há como afirmar se houve algum prejuízo ambiental maior — afirma Caroline Moura, engenheira florestal da Fepam.

No documento, a empresa terá de atestar o que foi feito no combate às chamas, se tinha plano de controle e equipes treinadas e com material adequado para o combate ao fogo. De acordo com o Corpo de Bombeiros de Cidreira, a empresa tem Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) e atuou com mais de cem funcionários na contenção do incêndio.

— Eles têm brigadistas e estavam com as medidas de prevenção em dia. No entanto, o fogo saiu de controle em função de a floresta ser altamente combustível e de o vento estar soprando muito forte nestes dias — afirma o capitão Jocemarlon Acunha, comandante da 2ª Companhia do Litoral do Corpo de Bombeiros.

A Polícia Civil de Cidreira abriu inquérito para apurar as causas do incêndio, e a possibilidade de ter sido acidental ou criminoso (provocado intencionalmente). De acordo com o delegado Alexandre Souza, ainda não é possível falar sobre as causas, uma vez que os investigadores estão no aguardo de um laudo que será realizado pelo Corpo de Bombeiros para iniciar os trabalhos. De acordo com o capitão Acunha, do Corpo de Bombeiros, a hipótese é de que o fogo tenha se iniciado a partir de acampamentos irregulares de pescadores às margens da Lagoa da Fortaleza.

Os primeiros focos do incêndio foram verificados no domingo e combatidos pelas equipes da empresa. Na segunda-feira, o forte vento alastrou as chamas, o que provocou uma espessa e escura nuvem de fumaça, que seguiu em direção ao oceano. Bombeiros tiveram de utilizar mais de 80 mil litros de água para conter as chamas. De acordo com Acunha, foram acionados caminhões e carretas de água de Porto Alegre e São Leopoldo, além de um helicóptero, com capacidade de carregar 700 litros de água.

No fim da tarde da terça-feira, resíduos de vegetal queimado, partículas que estavam presentes na nuvem de fumaça, começaram a ser despejados pelo mar em praias a cerca de 50 quilômetros ao norte de Cidreira, como Capão de Canoa e Curumim. Após as prefeituras realizarem limpeza na orla, eram menores os rastros de sujeira na areia nesta quinta-feira. A Fepam fará vistorias nos próximos dias para apurar possíveis danos ambientais fora da área atingida.

Zero Hora procurou a Celulose Irani para questionar os prejuízos à empresa e o que será feito para reparar os danos ambientais. A assessoria de imprensa informou que a companhia está se manifestando somente por meio de nota. A última foi emitida na noite da quarta-feira:

"A Habitasul Florestal informa que desde o último domingo tem trabalhado, com o auxílio do Corpo de Bombeiros de Cidreira, de autoridades locais e de outras empresas do setor florestal, para combater um incêndio em área de reflorestamento da companhia localizada próxima à Lagoa da Fortaleza.

No momento, a empresa direciona todos os seus esforços para extinguir os focos remanescentes e evitar que o fogo se espalhe, com uma equipe de 150 colaboradores, dividida em três turnos, atuando dia e noite no local.

A empresa está em contato com os órgãos responsáveis para minimizar os impactos e colaborar nas investigações sobre as causas do incidente."

Fonte: ClicRBS / Bruna Scirea - de Capão da Canoa

Foto: Lauro Alves / Agencia RBS