Um trote atrasou o atendimento a uma vítima de atropelamento em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, por volta das 19h de segunda-feira (4).
Segundo o Corpo de Bombeiros, uma pessoa ligou para a concessionária que administra a Avenida Souza Naves, trecho urbano da BR-373, pedindo socorro a um acidente entre um caminhão e um carro no local.
De acordo com a concessionária, o suspeito do trote disse que o carro estava preso embaixo do caminhão com três pessoas dentro.
Diante da gravidade do suposto acidente, três carros da concessionária se dirigiram ao local, e o Corpo de Bombeiros foi acionado, além do Serviço de Atendimento Móvel de Emergência (Samu) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Segundo a concessionária, 10 profissionais e sete viaturas de diferentes corporações foram deslocadas para atendimento à ocorrência, mas, ao chegarem no local, não encontraram nenhum acidente.
No mesmo horário, os bombeiros receberam um chamado para atendimento a um atropelamento na região do bairro Nova Rússia, próximo ao local do suposto acidente.
Contudo, como a ambulância da região estava no local do trote, uma equipe da unidade central dos bombeiros precisou atender o atropelamento. Pela distância e trânsito, o tempo para chegada e atendimento da vítima foi maior.
"A equipe deslocou todo o escalão de socorro, visto que seria situação grave de vítimas presas. Porém, quando chegaram ao local, não tinha nada. E aí deixamos outras pessoas que por ventura poderiam necessitar do socorro sem o atendimento no momento, e, no socorro à vítima necessitada, cada segundo importa. A situação de ontem, lamentável, poderia ter uma ambulância ao lado. Mas o tempo de resposta foi maior, e a gravidade poderia ter sido grande", disse o tenente Kaneko, do Corpo de Bombeiros.
Segundo a PRF, os agentes têm acesso ao telefone que fez a ligação com trote. Eles tentaram retornar o contato, mas não foram atendidos.
A polícia afirmou ainda que dará encaminhamento à investigação para localizar a pessoa suspeita pela ligação.
Média de seis trotes por dia
Segundo o Samu, o serviço recebeu 33 trotes apenas nos primeiros cinco dias deste ano, uma média de seis ligações falsas diárias.
Em 2020, conforme o Samu, foram 925 trotes, cerca de três por dia.
O número pode ser ainda maior, dado que os trotes registrados correspondem apenas aos chamados que são identificados na hora pelo atendente, que cadastra o telefonema como trote no sistema.
Chamados que têm deslocamento de equipes e ambulâncias não entram como trote no sistema, mesmo que não seja localizada ocorrência no local.
O mesmo acontece no Corpo de Bombeiros. Segundo o tenente Kaneko, a corporação recebe em média de seis a oito trotes por dia.