A chegada dos dias mais quentes e a proximidade da temporada de verão traz empolgação, mas também reforça o alerta contra um inimigo conhecido desta época do ano: os afogamentos. Em Itapema, um menino de 8 anos e um jovem de 22 anos morreram nesta quarta-feira em duas ocorrências diferentes de afogamento. A mãe do rapaz também se afogou depois de cair com o filho de um costão na Praia de Ilhota por causa da força de uma onda, mas foi resgatada a tempo.

O Corpo de Bombeiros de Santa Catarina trabalha em ações para reduzir os riscos de afogamentos. A principal medida é o planejamento da Operação Veraneio 2019/2020. No total, 1.146 guarda-vidas civis vão atuar em 384 postos distribuídos em 170 praias do Estado.

O número de profissionais treinados para atuar é o mesmo da temporada passada. A escolha dos pontos levou em conta critérios como população, incidência de turistas, número de incidentes e outros fatores.

A maior parte dos guarda-vidas passa a ocupar os postos a partir de 16 de dezembro, quando inicia a chamada alta temporada da operação, que segue até o Carnaval. Desde 5 de outubro, no entanto, agentes já ocupam postos nas praias, sobretudo em fins de semana, dias de maior movimento e de mar em condição agitada - como ocorreu na quarta-feira, com os ventos fortes no dia das duas mortes em Itapema. Em Balneário Camboriú e praias de Florianópolis, há pontos com guarda-vidas durante todo o ano.

Monitoramento de áreas de perigo

A outra medida adotada pelos bombeiros foi o mapeamento de locais de risco feito ao final da última temporada. O subcomandante do Corpo de Bombeiros de SC, coronel Ricardo José Steil, explica que foram identificados pontos críticos, em especial onde não há a ação de guarda-vidas, como em rios, riachos, lagos e outros locais de água doce no interior do Estado.

Nesses locais, a combinação dos banhos com consumo de bebida alcoólica, a elevação do nível durante chuvas e o aumento da ocupação em volta de áreas de represas servem como componentes que aumentam o risco de incidentes de afogamento nesses ambientes. No Litoral, a atenção para os pontos descobertos se volta aos costões, onde pessoas costumam ir para pescar.

Nesses pontos mapeados, a sinalização foi reforçada, alertando os banhistas sobre os riscos envolvidos naquela localidade. A preocupação ocorre porque na última temporada, das 51 mortes registradas no Estado, 48 ocorreram em locais onde não há presença de guarda-vidas.

Embora a operação veraneio e o mapeamento de áreas sem monitoramento de guarda-vidas possam ajudar a reduzir o risco de repetição de casos de afogamento como os registrados esta semana em Itapema, uma parte importante desta prevenção cabe também aos próprios banhistas, tomando os cuidados recomendados pela corporação (confira abaixo dicas de prevenção).

SC teve 51 mortes por afogamento na última temporada

Na última temporada de Operação Veraneio, Santa Catarina registrou 51 mortes por afogamento, praticamente o mesmo número da temporada anterior, quando o Estado teve 52 casos. Foram cinco mortes a mais do que o contabilizado no verão de 2016/2017. Os dados levam em conta o período de baixa e alta temporada, que segundo a divisão do Corpo de Bombeiros vai de 4 de outubro a 11 de março.

A maior parte dos casos (32) foi registrada em água doce e em locais sem presença de guarda-vidas. Outras 16 ocorrências foram em pontos de água salgada, mas também sem proteção dos bombeiros que atuam no monitoramento das praias. Apenas três casos da última temporada ocorreram em pontos de praia com guarda-vidas.

Números de afogamentos nas últimas temporadas em SC:

Temporada 2018/2019: 51

Local sem guarda-vida (água doce): 32

Local sem guarda-vida (água salgada): 16

Local com guarda-vida (água salgada): 3

Temporada 2017/2018: 52

Local sem guarda-vida (água doce): 33

Local sem guarda-vida (água salgada): 18

Local com guarda-vida (água salgada): 1

Temporada 2016/2017: 46

Local sem guarda-vida (água doce): 22

Local sem guarda-vida (água salgada): 21

Local com guarda-vida (água salgada): 3

Fonte: Corpo de Bombeiros de SC

Dicas para prevenir afogamentos

- Crianças e idosos merecem atenção permanente quando estão se banhando em piscinas, rios, praias ou lagos, pois são mais vulneráveis aos perigos;

- Adultos têm maior estatística de afogamento e os motivos comuns de afogamento são: consumo de bebidas alcoólicas, excesso de confiança, desconhecimento sobre os perigos e falta de prática de natação;

- Não é recomendado nadar após ingerir bebida alcoólica;

- Verifique a profundidade da piscina em que você e sua família frequentam;

- Nas praias, todos os dias, os guarda-vidas verificam as condições do mar e sinalizam os riscos por meio das bandeiras vermelhas. Os principais riscos são as correntes de retorno. Procure nadar nos locais que têm guarda-vidas, afastado das bandeiras vermelhas;

- Se você presenciar um afogamento, acione o socorro e arremesse um objeto flutuante para a vítima. Não tente fazer o resgate sem treinamento, pois você poderá ser mais uma vítima;

- Água no umbigo é sinal de perigo;

- Não ande sobre pedras ou costões que possam trazer riscos;

- Em caso de emergências, ligue 193.

Fonte: Corpo de Bombeiros de Santa Catarina