Foi o bombeiro Lázaro Muller, de 60 anos, que atendeu a primeira ligação comunicando sobre o ataque a uma creche em Saudades, no Oeste Catarinense, na terça-feira (4). Ele conta que o pedido de socorro vinha de uma professora que estava no local. Outras duas ligações foram feitas em seguida, quando as equipes já haviam sido comunicadas sobre o ataque.

Assim que o bombeiro atendeu a ligação, uma funcionária fala: "Meu Deus, socorro, tem um maníaco aqui na creche. Está esfaqueando".

Em alguns momentos da ligação, a voz da mulher fica alterada e o subtenente tenta tranquilizá-la para entender o que estava acontecendo. "Calma senhora, calma", pede o bombeiro.

Chorando, ela alerta: "Ele entrou na creche com um facão. Ele machucou as 'profes'", diz a mulher. "As crianças estão todas feridas", afirma - ouça no áudio AQUI.

"Percebi pelo desespero da professora que era grave. Assim que distribuí a ligação para o quartel em Saudades, falei para os agentes entrarem com cuidado no local, já que era uma invasão de alguém armado com arma branca", relembrou.

A central de atendimento fica em Chapecó, também na região Oeste, e é responsável por distribuir as ocorrências para os agentes no local. O bombeiro, com 38 anos de serviço, afirma que teve que agir com cautela e precisão para atender essa ocorrência.

"Aqui em Chapecó também tem uma escola com o mesmo nome. Por isso me certifiquei e perguntei algumas vezes qual era a cidade exata. A professora estava muito desesperada, pareceu que ela estava se protegendo", conta.

Assim que compreendeu a gravidade da situação, o bombeiro acionou a corporação em Saudades e na cidade de Pinhalzinho. A Polícia Militar também foi acionada por ele. Horas após o atendimento, ele soube sobre os detalhes da ocorrência.

"A gente como pai sente. Depois que vê o ocorrido, a gente fica mal. Mexeu com todos nós. Mas temos que estar preparados para atender situações como esta da melhor maneira possível", finaliza.

 Quem são as vítimas: 

  • Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos, era professora e dava aulas na unidade havia cerca de 10 anos
  • Mirla Renner, de 20 anos, era agente educacional na escola
  • Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses
  • Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses
  • Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses

  O que se sabe até agora:  

  • Um homem de 18 anos invadiu a escola Aquarela com duas facas às 10h de terça (4).
  • A creche fica na cidade de Saudades (SC), 600km de Florianópolis, e atende crianças de 6 meses a 2 anos.
  • 20 crianças estavam no local sob os cuidados de 5 professoras.
  • A primeira pessoa que o assassino atacou foi a professora Keli Adriane Aniecevski.
  • Mesmo ferida, a professora correu para uma sala, onde estavam quatro crianças e a agente educativa Mirla Renner, de 20 anos.
  • O homem chegou até a sala e continuou os ataques, matando Keli e três crianças. Mirla chegou a ser socorrida, mas não resistiu.
  • Todas as vítimas foram atingidas com, pelo menos, cinco golpes de facão.
  • O assassino tentou entrar em todas as salas da creche, mas professoras conseguiram se trancar e proteger as crianças.
  • A única sobrevivente ao ataque é uma criança de 1 ano e 8 meses, que está na UTI
  • O assassino foi preso e levado ao hospital após dar golpes contra o próprio corpo. Estado de saúde dele é grave.
  • Polícia encontrou R$ 11 mil e duas embalagens de facas novas na casa do assassino.
  • O velório e o sepultamento das cinco vítimas foram coletivos.
  • O homem foi autuado em flagrante por cinco homicídios triplamente qualificados, além de uma tentativa de homicídio contra a criança que foi ferida.
  • A Justiça de Santa Catarina converteu a prisão em flagrante do autor para prisão preventiva e a polícia começou a analisar os itens eletrônicos do autor, que foram aprendidos.