Gritos e pessoas correndo. O metrô para e as portas são abertas. Mesmo sem entender o que está acontecendo, o medo toma conta dos passageiros ao se depararem com a cena que ocorre na estação. Uns tentam permanecer no vagão, enquanto outros se aglomeram em direção à saída. No meio da confusão, uma mulher se desequilibra e cai sobre os trilhos. Outra entra em pânico e desmaia dentro do transporte metroviário. 

Essa é uma circunstância fictícia, mas que também poderia ser real. Por isso, o Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBM-BA) realizou uma simulação, nesta quinta-feira (28), na sede da CCR Metrô. O objetivo foi preparar 42 alunos soldados da corporação para a busca de pessoas desaparecidas em ambientes de difícil acesso.

A intenção da atividade é fazer com que os alunos aprendam na prática sobre como agir em situações de emergência em linhas metroviárias. Para garantir a segurança dos passageiros, a CCR Metrô trabalha em parceria com o Corpo de Bombeiros através do treinamento conjunto entre a equipe militar e a equipe Agente Atendimento Segurança (AAS) da empresa. 

A equipe AAS é responsável por identificar os eventos dentro do metrô que necessitam da atuação do Corpo de Bombeiros. Também presta assistência às vítimas até a chegada do CBM-BA. Para o coordenador de atendimento da CCR Metrô, Vagner Tavares, a associação entre os órgãos é fundamental para garantir a agilidade e a eficiência na resolução de situações de perigo. 

“Em um evento como este, o primeiro a chegar é o AAS, que informa a situação ao centro de controle. Nós paramos o sistema e o tráfego de trens no local, para que as outras equipes possam prestar o primeiro atendimento. Em paralelo, o centro de controle já começa a fazer contato com o Corpo de Bombeiros. Essa parceria é fundamental para evitar maiores gravidades”, afirma o coordenador.

Resgate e salvamento

Na simulação desta quinta-feira (28), quando a situação fictícia começava a ser revertida, os bombeiros em treinamento tiveram de lidar com outra potencial situação que ocorre nesses casos: o desaparecimento de pessoas. No treinamento na sede da CCR foram duas pessoas que sumiram. Neste momento, a equipe do metrô entrou em ação e o Agente Atendimento da empresa percorreu a estação em busca dos ‘desaparecidos’.

A mulher que simulou cair sobre os trilhos foi encontrada embaixo de um vagão, com ferimentos em uma das pernas, no rosto e em um dos olhos, tudo de mentirinha também, mas com potencial de ocorrer de verdade. A segunda ‘desaparecida’ foi encontrada, ainda inconsciente, na parte de dentro de outro vagão. 

Em situações como essas, diante da gravidade das ocorrências, o Corpo de Bombeiros é acionado pela equipe da CCR para realizar o resgate e encaminhar as vítimas para um atendimento especializado. Ao chegar no local, os bombeiros dão início aos protocolos de resgate. A primeira vítima é removida cuidadosamente da parte debaixo do vagão e recebe os primeiros socorros ali mesmo. Em seguida, é levada de maca até a ambulância, que aguarda no local. O último resgate seguiu os mesmos protocolos. A segunda desaparecida foi encaminhada ao atendimento médico. 
 

As simulações vêm sendo adotadas pelo Corpo de Bombeiros para adaptar o trabalho de prevenção e resgate da equipe militar aos novos equipamentos de transporte público da capital, bem como aos locais de grande fluxo e de difícil acesso, como é o caso do equipamento metroviário, que funciona há sete anos e recebe cerca de 300 mil passageiros por dia. 

Segundo o Tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Ramon Dieggo, a importância do treinamento é garantir que a guarnição esteja no nível máximo de preparo para salvar vidas e se mantenha entrosada com os agentes da CCR. 

“Quanto mais pessoas capacitadas, mais pessoas prontas para salvar vidas. Nessa parceria com o metrô teremos a pontuação de conhecer a rotina e as engrenagens que envolvem os salvamentos, o que só favorece a rapidez na resposta e no salvamento”, destaca.

Para o Tenente-coronel, qualquer intercorrência que envolva as atividades do metrô tem um nível de risco considerável, mas o pânico pode agravar ainda mais o evento, por isso, tranquiliza os baianos destacando que o CBM - BA está preparado para minimizar riscos. 

*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro