Os bombeiros que participaram do resgate da jovem de 22 anos que ficou mais de 24h presa em uma vala de difícil acesso em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, explicaram que Maria Cristina estava consciente e ficou conversando com os bombeiros durante toda a operação, que durou cerca de 2h.
Tenente Peçanha contou que está há 11 anos na corporação e nunca tinha pego uma ocorrência como essa.
"A gente já recebeu algumas ocorrências parecidas, mas nenhuma como essa, que a pessoa caiu e passou uma noite inteira num local insalubre. Além de tudo, numa situação de estar imprensada, quase que sofrendo esmagamento lateral e por cima dos membros superiores", comentou o tenente.
Segundo os bombeiros, Maria Cristina Simões Ferreira e Penha, de 22 anos, apesar de ter ficado cerca de 37h presa na fenda, ela não pedia água nem comida, só pedia para ser tirada do local. Durante a operação, ela foi acalmada pela equipe.
A jovem não sentia dores, só teve escoriações leves, reclamava da terra que caía nos olhos e por ter ficado muito tempo na mesma posição.
Do início ao fim da operação de resgate, a equipe explicou todos os procedimentos que seriam feitos, até mesmo para a vítima não se assustar.
Sargento Rodolfo Nascimento foi um dos sete bombeiros que participou da operação. Ele comentou que toda a equipe de plantão foi deslocada para a ocorrência.
"A ambulância chegou primeiro e fez o primeiro contato com a vítima, viu como estava a situação física dela, se tinha alguma lesão. Logo depois que o resto da equipe chegou, pegamos as informações necessárias e vimos quais materiais seriam possíveis para realizar aquele resgate", disse o sargento.
Após uma análise do local, os bombeiros viram que a melhor solução para conseguir tirar Maria Cristina de lá seria quebrando a parede.
"A gente queria retirar logo ela dali para não agravar mais até a situação psicológica dela. Ela estava bem imprensada, caiu numa fenda, estava bem difícil o acesso ali. E aí a gente decidiu uma nova forma para retirar ela, quebrando a parede da residência. Conseguimos acessá-la com bastante cuidado e quebramos tudo com o maior cuidado para não colapsar a estrutura próximo a ela, um trabalho delicado e minucioso", explicou o sargento.
Para conseguir tirar a jovem da fenda de aproximadamente 40 cm entre um barranco e uma casa de alvenaria, foi preciso utilizar uma escada e realizar uma descida de dez metros.
Vários equipamentos, como uma moto esmeril, utilizada para cortes, e algumas marretas foram utilizadas para conseguir quebrar a parede.
Em um vídeo (veja AQUI) é possível ver que a jovem foi retirada pelos pés e colocada em uma maca. Ela foi colocada na maca sob aplausos de moradores que acompanhavam o resgate.
A jovem de 22 anos foi levada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) com ferimentos leves.
Depois, ela foi transferida para o hospital da Unimed, em Cachoeiro de Itapemirim, e até esta segunda-feira (29) não tinha previsão de alta.
Jovem estava desaparecida
O pai de Maria Cristina, Carlos Onofre, contou que ela tinha sumido sem celular e dinheiro na noite de sexta-feira (26), e mobilizou a polícia e amigos com pedidos de socorro nas redes sociais.
A jovem estava há menos de 50 metros de casa, no bairro Dr. Gilberto Machado, quando escorregou, caiu e acabou ficando presa.
Maria Cristina só foi encontrada por volta das 10h de domingo (28), quando um morador que passava pelo local ouviu pedidos de socorro.
Depois de mais de 36h de angústia, o pai de Maria Cristina disse estar aliviado.
“Eu tenho muita fé, sabe! Eu tinha pedido a Deus para trazer minha filha de volta do jeito que ela estivesse e que fosse feita a vontade de Deus. Estou muito grato a Deus por ela estar com vida e bem”, desabafou o pai da menina.