Há 20 anos ajudando a salvar vidas, o sargento Rubinaldo Leite ainda comemora quando, depois de um chamado, tudo acaba bem. Foi assim no incêndio que atingiu o edifício Aldebaran, no Centro de Vitória, no último domingo. Um dia depois, ele reeencontrou moradores do local, que agradeceram pelo trabalho.
“O bombeiro orienta, tranquiliza. Quando a pessoa te vê, já fala ‘graças a Deus’ e acredita que tudo vai dar certo”, diz.
Ele conta que o desgaste de subir e descer os 19 andares rapidamente foi gerando cansaço em toda a equipe. Em uma das descidas, passou mal e teve que ser atendido pela ambulância. Depois de receber oxigênio e já recuperado, continuou ajudando os moradores.
A persistência do bombeiro foi elogiada pelos moradores do prédio, que só têm a agradecer. “Numa situação tensa como essa, o trabalho deles é muito importante”, frisa a aposentada Rita Góes.
E não é para menos. Só a roupa especial utilizada para proteção pesa 23kg. Como no prédio há muitos idosos, foi preciso carregar vários moradores no colo, um desafio a mais. Para Rubinaldo, ver todo mundo bem após o incêndio é a recompensa. “As pessoas vêm cumprimentar a gente, agradecendo. Estimula a trabalhar cada vez mais".
O incêndio aconteceu por volta das 13 horas, no 19º andar do Edifício Aldebaran. O fogo começou na cozinha de um apartamento. A hipótese é de que uma botija de gás pode ter originado o problema.
Dias após cirurgia, susto ajudou idoso a voltar a falar com genro
Depois de 20 dias no hospital passando por vários procedimentos cirúrgicos, seu Darcy Passamani, de 88 anos, não esperava um final de semana tão agitado. Ele é um dos moradores do Aldebaran, e junto com a esposa Ana Zanotelli Passamani, de 87 anos, foi conduzido às pressas para fora do edifício onde mora há cinco anos, descendo sete andares de escada carregado na cadeira de rodas.
O aposentado foi ajudado pela filha, que mora no 17º andar, e pelo genro, com quem estava brigado. Eles não se falavam há algum tempo, e o incêndio fez com que os dois precisassem trabalhar em equipe: “Meu genro me ajudou com tanta atenção. Me deu água, fez questão de garantir que estava tudo bem”, conta emocionado.
Seu Darcy também elogia o trabalho dos bombeiros: “Foram todos muito atenciosos, conversaram com a gente, ajudaram a acalmar”, lembra. Quando perguntados sobre sentir medo, ele e dona Ana caem na gargalhada. “Tomei tanta agulhada na semana passada que meu medo ficou lá no hospital”, confessa.
Sistema de combate do prédio falhou
Quando os bombeiros chegaram ao local, apenas seis minutos depois do chamado, a Guarda Municipal já havia tentado controlar o fogo utilizando a mangueira do 19º andar, mas a água não saía.
Segundo o chefe de operações do Corpo de Bombeiros, tenente Sanderson Dias Bragança, houve um defeito no sistema hidráulico preventivo do edifício. “Em cada andar há uma mangueira, que precisa de pressão para soltar água, mesmo nos andares mais altos. No caso desse incêndio, é provável que a tubulação estava entupida, mas apenas uma perícia pode comprovar”, explica.
Para controlar o fogo foi utilizado um sistema alternativo: a equipe teve que levar 15 mangueiras até o andar do incêndio, pelas escadas. O síndico do prédio, Vilmar de Oliveira, afirma que o edifício passa por vistorias diárias, e que a falha no sistema não ocorreu por falta de manutenção.
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