Bombeiros ainda estão procurando uma pessoa desaparecida no temporal que atingiu o Litoral Norte de São Paulo há nove dias.

A lama ainda escorre pelas ruas da Barra do Sahy. E só nesta segunda (27), moradores puderam chegar até às casas condenadas, na tentativa de recuperar alguma coisa.

"Tá difícil achar, nós não encontra mais nada. Tá tudo enterrado, perdemos tudo. Estamos abrigados lá na creche, lá, eu e minha família, todo mundo, tamo lá na creche, lá", desabafa o jardineiro Waltemir Bruno dos Santos.

O auxiliar de serviços gerais Marcos Fernandes encontrou algumas recordações:

"Com muita dificuldade eu consegui chegar lá dentro, mas o que eu vi, o mais importante, foi a foto dos meu familiares, são todos sobrinhos, netos, primos, o restante, infelizmente, não sobrou nada."

As chuvas que castigaram o Litoral Norte de São Paulo na semana passada mataram 65 pessoas. As buscas na Barra do Sahy, bairro mais afetado, foram suspensas neste domingo (26), depois que o corpo da última vítima desaparecida foi localizado.

Agora, o trabalho dos bombeiros se concentra no bairro Baleia Verde, onde Eliseu Alves Pedro, de 52 anos, foi visto pela última vez.

"A gente ainda tem a esperança de encontrar ele vivo, né, mas os dias vão passando, e a gente não tem muito o que fazer, tem que aguardar", conta a filha do Eliseu, Elenice dos Santos.

Em outros bairros, a vida começa a voltar ao normal. Mas as marcas na parede são uma lembrança da tragédia.

"O que a gente viveu, o que a gente viu descendo aqui, esse apavoro, jamais a gente vai conseguir esquecer tão fácil", diz o morador Washington Rodrigues.

Mais de 2 mil pessoas tiveram que sair de casa depois do temporal. E destas, mais de mil não poderão voltar para onde moravam porque as casas foram soterradas ou estão com estrutura comprometida. A situação agrava a questão habitacional no município.

O governo do estado e a prefeitura dizem que já há cinco terrenos onde planejam construir casas para as famílias de áreas de risco.

Até lá, o governo estadual pretende alugar quartos de hotéis e pousadas em São Sebastião. E diz que aguarda uma resposta do setor hoteleiro.

Enquanto isso, há iniciativas de pessoas físicas e empresas. Uma colônia de férias do Banco Itaú começou a receber moradores que perderam tudo. 85 pessoas ficarão abrigadas lá por pelo menos um mês.

"Uma nova vida, né, a gente vai viver, vamos correr atrás, vamos ver o que está esperando a gente, aí pela frente, depois de tanto sofrimento, né?", fala a dona de casa Zuleide Pereira.

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