Falta de treinamento, um dos problemas alegados para pedir a desvinculação da BM, pode comprometer trabalho na Copa
Se a Copa do Mundo fosse hoje, o Corpo de Bombeiros (CB) do RS não estaria preparado para atender ao evento, do qual Porto Alegre será uma das cidades-sedes. De acordo com o presidente da Associação dos Bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Abergs), Ubirajara Ramos, a começar pelas escadas Magirus, que atingem no máximo até o 12 andar, passando pelos quartéis, a situação é complicada. A estação próxima ao Beira-Rio, no bairro Assunção, está algum tempo fechada, reabrindo esporadicamente.
Se a disputa, hipoteticamente, passasse para a Arena gremista, não haveria nenhuma estação nas proximidades. "Por isso queremos a desvinculação da Brigada Militar até 2012", justificou Ramos. "Com esse tempo, poderemos nos preparar melhor em todos os aspectos", argumentou.
A separação, no entanto, está demorada. De acordo com Ramos, houve uma primeira reunião com o grupo de trabalho responsável em discutir o assunto. Esta serviu mais para a apresentação dos integrantes. O primeiro encontro de debate sobre o assunto ocorreria em 5 de setembro. Mas, conforme o presidente da Abergs, não ocorreu. O Palácio Piratini justificou o cancelamento alegando estar envolvido nos preparativos da Semana Farroupilha. "O Governo nos disse que até 30 do mês passado seria publicado no Diário Oficial o nome dos integrantes do grupo de trabalho", ressaltou. "As reuniões devem ser feitas a cada 20 dias", completou Ramos.
A desvinculação, salientou, será benéfica tanto para bombeiros quanto para a Brigada Militar. Ele afirma não entender uma certa resistência demonstrada por policiais militares quanto à separação. Ramos cita como exemplo um concurso interno, ocorrido na semana passada. O certame serviu para que soldados - se aprovados -, possam ser promovidos a sargentos. Das 50 questões da prova, apenas 10 eram relativas ao trabalho específico dos bombeiros. As outras versavam sobre policiamento ostensivo. "Isso desestimula o bombeiro com intenção em ascender na carreira", considerou. "Na Escola de Bombeiros, das cinco turmas, duas são para policiais militares, com disciplinas específicas para o policiamento ostensivo."
A separação das duas corporações não significa uma passagem, para o efetivo do CB, da condição de militar para civil. Mesmo se fosse lançado um concurso para bombeiros civis, a Constituição Federal vetaria essa mudança. A unidade está na área da segurança pública. "A Constituição também estipula que os bombeiros devem ser independentes", acentuou.
A falta de condições para atender a Copa 2014 não é a única preocupação da Abergs. Com o início de dias mais quentes, a tendência é os incêndios, em matagais, se tornem mais frequentes, a exemplo do que ocorreu em Brasília e outros estados. No entanto, salientou Ramos, o efetivo do Corpo de Bombeiros não está recebendo treinamento para enfrentar este tipo de situação. "A estação da Silva Só pode fechar", disse. "O quartel de Belém Novo pode ter o mesmo destino."
Fonte: Correio do Povo - Ano 117 nr 03 - 03/10/2011