LONDRES - Os bombeiros prosseguem nesta quinta-feira, 15, com as buscas por corpos no prédio destruído na véspera por um incêndio de grandes proporções. Segundo um novo balanço, o número de mortos subiu para 17. 

"Infelizmente, posso confirmar que o número de mortos é 17", afirmou o comandante da polícia de Stuart Cundy em declaração à imprensa. Autoridades acreditam que o balanço aumentará à medida que os bombeiros avançarem dentro da estrutura destruída pelas chamas.

Trinta e sete pessoas continuam hospitalizadas, 17 delas em estado grave, e já não se espera encontrar sobreviventes. As causas do incêndio, que teve início na noite de terça-feira, são desconhecidas, mas os moradores já criticavam a má gestão da empresa que administrava o prédio.

"Quase 90% dos residentes assinaram no fim de 2015 uma petição que reclamava da má gestão da empresa responsável pela manutenção do edifício. O administrador me ameaçou pessoalmente", disse David Collins, presidente da associação de moradores da torre até outubro de 2016. "Escutei que alguns alarmes de incêndio não funcionaram, não me surpreende. Estou consternado, mortificado, mas não surpreso", completou.

Collins também apontou a responsabilidade do governo do bairro de Kensington e Chelsea. "Informamos nossas preocupações e pedimos uma investigação independente, mas não nos ouviram", lamentou.

De acordo com documentos divulgados na internet, alguns moradores reclamaram em várias ocasiões nos últimos anos do estado do edifício e dos possíveis riscos de incêndio. "Ninguém quis levar em consideração nossas advertências, uma catástrofe como esta era inevitável", publicou em seu blog o Grupo de Ação de Grenfell após a tragédia.

De acordo com vários moradores, os trabalhos de reforma realizados em 2016 podem ter favorecido a propagação do fogo de forma extremamente rápida.

O organismo público KCTMO (Kensington & Chelsea Tennant Management Organisation), que administra o prédio, reconheceu em um comunicado "estar ciente das preocupações de longa data dos moradores". "É cedo para especular as causas do incêndio", acrescentou.

Uma reforma, no valor de 8,6 milhões de libras (US$ 12 milhões), terminou em maio de 2016. A empresa Rydon, encarregada da obra, assegurou que a reforma "respondeu a todas as exigências relacionadas às normas de incêndio, de segurança e de construção".

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, declarou que os testemunhos provocam "perguntas que aguardam respostas", enquanto o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, estimou que as medidas de austeridade do governo conservador tinham sua parcela de culpa. "Se você retira das autoridades locais os financiamentos que necessita, este é o preço a pagar.”

Um porta-voz de Downing Street declarou que a primeira-ministra britânica, Theresa May, estava "profundamente entristecida com a trágica perda de vidas na torre Grenfell".

Ela prometeu uma investigação sobre as causas do acidente após a preocupação expressada pelos moradores com relação à segurança do edifício, onde residiam muitas famílias com crianças pequenas.

"Quando for possível identificar as causas do incêndio, então certamente haverá uma investigação adequada e se há coisas a aprender, serão tomadas as medidas", disse May.

Mensagem

A rainha Elizabeth II enviou nesta quinta-feira suas condolências aos afetados pelo incêndio, e destacou a "valentia" e "generosidade" dos serviços de emergência e dos voluntários que socorreram as vítimas.

Em um comunicado divulgado pelo Palácio de Buckingham, a monarca disse que seus "pensamentos e orações estão com aquelas famílias que perderam seus entes queridos no incêndio da torre Grenfell e com as muitas pessoas que continuam em estado crítico no hospital".

"O príncipe Philip e eu gostaríamos de homenagear a valentia dos bombeiros e de outros agentes dos serviços de emergência que arriscaram suas vidas para salvar outras pessoas", afirma a nota. Elizabeth II também considerou "encorajador ver a incrível generosidade da comunidade de voluntários que correram para ajudar as vítimas deste terrível incidente". / AFP e EFE

Fonte: EstadãoFoto: AFP PHOTO / Tolga AKMEN