Era por volta de 20h da noite, quando o telefone do soldado Éverton Pacheco Dias tocou. Do outro lado da linha estava o plantonista da noite da sala de operações do Corpo de Bombeiros. Ele relatou que a guarnição recebeu um chamado de um engasgamento de um bebê no mesmo condomínio onde mora Éverton e pediu se o colega poderia fazer o primeiro atendimento. O soldado não pensou duas vezes, bateu na porta do também colega Elisandro Ziegler - que mora no apartamento em frente a Éverton - e os dois partiram até a casa da vizinha.

- Nós somos bombeiros 24 horas por dia. O plantonista lembrou que eu moro no mesmo condomínio e me ligou. Eu saí correndo. Mesmo estando de folga, nosso dever é ajudar a quem precisa - destaca Éverton.

Em minutos, a dupla já estava no apartamento ajudando a vizinha. Quando a guarnição que estava de serviço chegou ao local, os dois já haviam conseguido desobstruir as vias aéreas do pequeno Antônio, de apenas três dias. O caso aconteceu em um condomínio em Camobi, região leste de Santa Maria.

- Ficamos felizes em poder ajudar, e saber que não aconteceu nada mais grave. Quando chegamos, a criança estava no colo da mãe e logo vimos que ainda tinha os sinais vitais. Em seguida, o recém-nascido começou a chorar, mostrando que estava tudo bem. Nesses casos, cada minuto é muito importante e pode custar a vida da criança - relata Éverton.

Nenhum dos dois bombeiros conhecia a família de Antônio, que mora em outro prédio do mesmo residencial. Os dois bombeiros, que possuem 12 anos de profissão, contam que que não é incomum fazerem salvamentos de pessoas mesmo estando de folga. Ziegler afirma que já ocorreram outras situações no próprio condomínio. 

- Algum tempo atrás, ajudamos uma idosa, que também é nossa vizinha, que havia engasgado. Também estávamos de folga e nós dois fomos lá ajudar ela - lembra.

Com a rapidez do atendimento dos bombeiros que estavam de folga, o recém-nascido não precisou ser levado para o hospital. Ficou apenas a recomendação para que os pais o observassem pelas horas seguintes.

- Eles ficaram bem aliviados quando nós chegamos. E nossa maior alegria foi ver que ficou tudo bem.

PARA A FAMÍLIA, SUSTO FOI GRANDE
A mãe do pequeno Antônio, que prefere não se identificar, conta que havia voltado do hospital apenas há cerca de duas horas. O marido havia acabado de sair de casa, quando ela percebeu que o recém-nascido não estava bem. 

- Por telefone mesmo, o pessoal dos bombeiros já me passou algumas manobras para executar de casa. Logo depois, os nossos vizinhos, que nós nem sabíamos que eram bombeiros porque moramos há pouco tempo no condomínio, já chegaram no nosso apartamento para ajudar. Pouco depois, já chegou o meu marido, que também tem curso de bombeiro. Fica o nosso agradecimento a eles pela agilidade, porque agiram de uma forma super humana, abrindo mão do dia de folga para nos ajudar - afirma a mulher.

COMO AGIR
Os bombeiros explicam que os pais do bebê tomara a atitude correta. Primeiro, é preciso manter a calma e ligar para o Corpo de Bombeiros ou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), no 192 ou 193. Os profissionais pegarão os dados da ocorrência, como endereço, e enviarão uma equipe para o local. Enquanto isso, passarão instruções para que os responsáveis possam tentar desafogar a criança enquanto a equipe se desloca.

Quando as crianças estão na chamada fase oral (bebês que levam objetos à boca), o cuidado precisa ser redobrado. Para evitar acidentes como engasgamento, é importante se certificar que a criança arrotou após a amamentação, cuidar a posição que a criança está dormindo, não deixar ao alcance delas objetos pequenos, como moedas, e evitar dar brinquedos em que peças possam ser engolidas.

*Colaborou Janaína Wille