Após quatro dias de combate, o fogo no prédio comercial de dez andares na região da Rua 25 de Março foi extinto no início da tarde desta quarta-feira (13), segundo o Corpo de Bombeiros. Como há risco de desabamento, os bombeiros atuando estão do lado de fora do edifício desde a manhã de terça (12), quando deixaram o interior o imóvel após ouvirem estalos na estrutura.

“O fogo foi extinto, está controlado. Fizemos um estudo, e a área isolada é justamente a necessária para garantir a segurança da população. O fogo está extinto, mas ainda tem trabalho do Corpo de Bombeiros, estamos monitorando, continuamos com as viaturas a postos. Ainda não sabemos o que era armazenado no local", afirmou Maycon Cristo, porta-voz dos bombeiros.

Por volta das 17h desta quarta, bombeiros entraram no prédio para avaliar a situação da estrutura e a temperatura interna.

Segundo o porta-voz, mesmo com o fogo extinto, os bombeiros não têm liberação técnica para atuar dentro do prédio. "Estamos respeitando um documento técnico de um engenheiro da prefeitura, que fala que o prédio tem risco de ruir. Pedimos uma nova reavaliação, que deve acontecer amanhã cedo."

"Nesta noite, cerca de 20 bombeiros vão atuar aqui, vamos deixar uma viatura para o caso de reignição do incêndio. Tem risco disso? Baixíssimo", explicou.

Na noite desta quarta, assembleia entre os comerciantes condôminos do prédio de dez andares autorizou a demolição do prédio pela Prefeitura de São Paulo. Assim, a prefeitura não vai precisar entrar com uma ação judicial.

Embora, pela manhã desta quarta, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), tenha informado que o prédio seria demolido através de implosão, durante a tarde esta opção foi desconsiderada.

Segundo Marcos Monteiro, secretário municipal de Infraestrutura e Obras, "existem algumas premissas iniciais. Por essa condição de iminente ruína, nós partimos da premissa que não conseguiremos fazer com que qualquer pessoa entre no prédio. Com isso, a gente praticamente elimina as hipóteses de implosão, porque não podemos posicionar explosivos dentro do edifício, ou de explosão manual. Daí a gente, evidentemente, vai estudar a hipótese de demolição mecânica ou mais alguma alternativa que surja".

As chamas começaram na noite de domingo (10). Além desse prédio de dez andares, outros quatro imóveis próximos também foram incendiados: um prédio de seis andares, uma loja e uma igreja. Todos ficam na região da Rua 25 de Março.

Dois bombeiros chegaram a sofrer queimaduras e foram internados durante os trabalhos. Não há mais registros de pessoas feridas na região. A Polícia Civil investiga as causas e eventuais responsabilidades pelo incêndio.

O prédio onde o fogo começou não tinha o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). Ele abriga pequenas lojas e armazena produtos dos comerciantes da região. O AVCB atesta que um prédio segue as normas de segurança e tem os equipamentos de proteção e combate a incêndios como alarmes, extintores, hidrantes e saídas de emergência. O documento é obrigatório.

'Risco de colapsar'

"A gente tem o risco de colapsar a estrutura, então, por isso, nesse momento, a gente não faz mais, desde ontem [terça], o combate interno. A gente atua agora somente na parte externa por isso dificulta um pouco o nosso trabalho e retarda o término desse incêndio", disse Cristo, porta-voz dos bombeiros.

Segundo o capitão ainda não há um prazo para o fim dos trabalhos dos bombeiros no local. "O combate externo ele é mais lento, a gente não consegue atuar in loco, onde de fato está pegando fogo, revirar aquele material e apagar ali pontualmente, então esse combate externo vai se estender um pouco mais", falou Maycon.

Prefeito quer demolição 

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, afirmou nesta terça-feira (12) que solicitará a demolição do prédio de dez andares. Segundo ele, como o edifício é privado, o pedido de demolição precisa ser analisado pela Justiça.

Também na terça, o engenheiro da Subprefeitura da Sé Álvaro Godoy Filho disse que é iminente o risco de queda do prédio de dez andares.

“O risco é iminente, pode acontecer a qualquer momento. No resfriamento, tende a colapsar mais rápido, porque ele tenta voltar à condição anterior, e ele não consegue”, afirmou. "Pode acontecer igual às Torres Gêmeas [quando caíram em 2011], o negócio é bem complicado.”

“Existem três tipos de estrutura distintas no próprio prédio. Uma dessas partes tende a colapsar para o fundo, onde é um estacionamento. Outra tende a colapsar para frente da rua, ou pegar o prédio ao lado”, explicou o engenheiro, que descartou a volta dos bombeiros para o trabalho interno.

“O momento agora é de terminar o rescaldo do incêndio, para poder fazer uma próxima avaliação e ver como ficou a estrutura da edificação. A responsabilidade é do proprietário do imóvel”, afirmou.

9 imóveis interditados 

Uma nova avaliação feita por engenheiros da prefeitura expandiu a área de bloqueio e interditou nove imóveis. Além do prédio de dez andares, que corre risco de desabar, mais oito edificações foram interditadas porque poderiam ser atingidas pela possível queda e destroços do edifício que continua pegando fogo.

Os prédios interditados estão nos seguintes endereços: 

  • Rua Cavalheiro Basílio Jafet, 115
  • Rua Cavalheiro Basilio Jafet, 127
  • Rua Cavalheiro Basílio Jafet, 107
  • Rua Barão de Duprat, 41
  • Rua Barão de Duprat, 39
  • Rua 25 de março, 734
  • Rua 25 de março, 702
  • Rua Comandante Abdo Schahin, 94
  • Rua Comandante Abdo Schahin, 78 (onde está o prédio de 10 andares que continua pegando fogo)

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