Agentes do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro reclamam das condições de trabalho e denunciam problemas em equipamentos da corporação, como mostrou o RJ1 nesta sexta-feira (25).
Segundo dados de 2018, a corporação atendeu 861 chamados diários, 310 mil atendimentos e 26.340 combates a incêndios. No entanto, cabos, soldados e sargentos, relatam, anonimamente, que falta estrutura em parte dos quartéis.
"Hoje, tem unidades atuando de forma muito precária", disse um bombeiro à reportagem.
O RJ1 ouviu bombeiros militares de quatro quartéis diferentes. Eles contaram que alguns têm equipamentos melhores que outros.
O Quartel Central, por exemplo, é um dos mais bem equipados. Nos demais, a situação é diferente.
"O Quartel Central é um quartel que é a vitrine do Corpo de Bombeiros. Então o Quartel Central sim, é bem equipado, tem as guarnições próximo ao que nossos manuais pedem. São guarnições completas e equipadas, tem sim equipamentos de ultima geração. Mas as unidades que ficam em, São Gonçalo, Niterói, são unidades esquecidas. Os recursos são mais limitados, os materiais não têm manutenção periódica então é muito mais difícil trabalhar em unidades que não sejam o Quartel Central, porque a falta de recursos humanos, material, a falta de treinamento é frequente", disse um agente, que preferiu não se identificar.
Situação na Região Metropolitana
No pátio do quartel de São Gonçalo, município da Região Metropolitana com a segunda maior população do estado, os bombeiros denunciam que um caminhão de combate a incêndio está parado há mais de um ano.
"Está parada, por falta de uma peça que, segundo informações, viria da Alemanha. Até hoje, não chegou e essa viatura continua parada lá no pátio do quartel, sem a menor utilidade, colocando em risco milhares de pessoas na cidade", disse outro militar que não se identificar.
Equipamentos importantes, como um detector de gás que identifica se há risco de explosão no ambiente e pode, segundo os bombeiros, evitar acidentes, não está em condições de uso.
Além disso, cilindros de respiração, que servem para que o combatente consiga entrar e fazer um resgate ou combater as chamas num ambiente com gases tóxicos de difícil condição de respiração, funcionam sem manutenção, de acordo com bombeiros.
"Esses cilindros precisam de inspeções periódicas e aqui nunca foram feitos, colocando em risco todos os dias aqueles que entram em ambiente confinado. Pode ver aqui a marca. Data, periódico. Cilindro nunca foi inspecionado. Aqui temos um cilindro vazio também. Ponteiro vermelho. Cilindros vazios", relatou um bombeiro.
Segundo Geraldo Portela, engenheiro especialista em segurança e risco é preciso fazer inspeções periódicas nos equipamentos.
"Todo cilindro que armazena qualquer tipo de produto precisa ser inspecionado periodicamente quanto a sua capacidade de resistir as pressões. Isso vale pra qualquer tipo de cilindro."
O que diz o Corpo de Bombeiros
O Corpo de Bombeiros negou que os cilindros de São Gonçalo não estejam funcionando e disse que os equipamentos passaram por um teste recentemente e que todos os materiais passam por uma revista antes de serem usados novamente.
O Corpo de Bombeiros afirmou ainda que, caso haja necessidade, eles são substituídos ou mandados para manutenção.
Sobre o Quartal Central, a corporação afirmou que o local conta com mais recursos porque é um ponto estratégico e atende também às demandas da cidade de Nova Iguaçu e de todas as ocorrências do Estado.