Bombeiros vão vistoriar até o sábado os 36 carros alegóricos das escolas de samba do Rio que participarão do desfile das campeãs e engenheiros contratados pelas escolas vão fazer laudos sobre as alegorias antes delas voltarem para a Marquês de Sapucaí.

As medidas foram acertadas durante reunião entre representantes do Ministério Público, Lierj, Riotur, Polícia Civil, Inmetro e Crea-RJ, na tarde da quinta-feira (2), no Centro do Rio, para discutir um Termo de Ajustamento de Conduta para evitar novos acidentes nos desfiles das escolas de samba.

Nos dois dias de desfile na Marquês de Sapucaí, mais de 30 pessoas ficaram feridas em dois acidentes com carros alegóricos da Paraíso do Tuiuti e da Unidos da Tijuca.

A documentação terá que ser enviada para o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) e para o Ministério Público. A reunião tirou também a decisão da criação de uma comissão para uma maior fiscalização e regulamentação do carnaval do Rio daqui em diante.

O coronel Marcio Lessa, representante do Corpo de Bombeiros, disse que os carros vão ser vistoriados entre esta quinta e até sexta-feira (3), véspera do desfile.

Segundo ele, a vistoria tem relação com o risco de incêndio e não com a estrutura dos carros. Ele informou que a corporação já faz esse tipo de vistoria antes dos desfiles. "Nós vamos fazer a vistoria que já vem sendo feita desde o início do carnaval que é a análise preliminar de risco da segurança contar incêndio. Nós estamos com a equipe definida para fazer essa vistoria", afirmou.

O presidente da Liga das Escolas de Samba do Rio ( Liesa), Jorge Castanheira, afirmou que os desfiles durante os quais aconteceram os acidentes deste ano não pararam porque, segundo ele, os bombeiros já estavam atendendo as vítimas. Ele disse ainda que um dos pedidos feitos na reunião foi para que seja diminuído o número de pessoas na pista, na área da concentração. A liga também se comprometeu a restringir isso, já para esse desfile das campeãs.

O promotor Márcio Guimarães, da coordenação de Grandes Eventos do MP, disse que a reunião desta quinta inaugura um canal de diálogo para regulamentar melhor o carnaval carioca.

"Hoje a ideia aqui foi de criar uma força-tarefa para chegar ao mesmo objetivo, mas cada um vai fiscalizar individualmente e todos os documentos da Liesa serão entregues ao Ministério Público antes do início do desfile. A partir daqui se inicia uma nova era do carnaval. Todos clamam por isso", disse.

Participaram também do encontro desta tarde cinco representantes do MP, o diretor jurídico da Lierj, José Carlos Pereira; representantes da Polícia Civil; Defesa Civil; Crea; Inmetro; e o presidente da Riotur, Marcelo Alves.

Dois acidentes graves com carros alegóricos durante os desfiles da Paraíso do Tuiuti e Unidos da Tijuca deixaram cerca de 30 feridos no carnaval do Rio deste ano. Até a manhã desta segunda-feira, quatro pessoas permaneciam internadas sendo três do acidente da Paraíso do Tuiuti e um da Tijuca.

PGM diz que "exigiu" providências

Em nota, a Procuradoria Geral do Município (PGM) afirmou que enviou ofício à Liga Independe das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), cobrando providências em relação aos acidentes.

A Prefeitura disse ainda que "exigiu a comprovação imediata da adoção de todas as medidas de segurança previamente exigidas pela legislação e órgãos competentes, bem como esclarecimentos sobre os fatos ocorridos e a assistência prestada às vítimas do acidente".

A prefeitura também determinou que a Liesa apresente a prévia vistoria e autorização do Corpo de Bombeiros, assim como a autorização dos órgãos técnicos especializados responsáveis pelas Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs) em todas as estruturas montadas para evento, notadamente nos carros alegóricos das agremiações.

Entenda o caso

Polícia investiga acidente com carro alegórico

No domingo (26), na primeira noite de desfiles, um carro da Paraíso do Tuiuti ficou desgovernado logo na entrada da Sapucaí. Ele bateu na grade e atropelou 20 pessoas no Setor 1 do sambódromo.

Alguns feridos ficaram presos nas ferragens e bombeiros tiveram que serrar a grade.

Já na segunda, parte superior da estrutura de uma alegoria da Unidos da Tijuca cedeu, derrubando diversas pessoas e deixando mais 12 feridos. Das 32 vítimas dos dois acidentes, cinco ainda permanecem internadas em hospitais do Rio.

Por Káthia Mello, G1 Rio