Após 48 dias, os bombeiros do Litoral Norte encerraram nesta terça-feira (14) as buscas pelo corpo do menino Miguel dos Santos Rodrigues, sete anos. Na noite de 29 de julho, a mãe do garoto, Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, 26, confessou ter arremessado o filho no Rio Tramandaí, em Imbé. Desde então, as equipes vinham realizando varredura em diversas cidades, à procura da criança.
A decisão de encerrar as buscas se deu após bombeiros terem vasculhado o Rio Tramandaí e percorrido por dias seguidos a orla da praia, em busca de algum vestígio que pudesse levar à localização do corpo. No entanto, a maior probabilidade, em razão do tempo transcorrido, é de que o cadáver do garoto já tenha sido arrastado para alto mar pela corrente e esteja longe do litoral gaúcho.
Titular da investigação sobre o desaparecimento do menino, o delegado Antônio Carlos Ractz Júnior também acredita que não há mais motivos para manter as buscas no litoral do RS.
— O corpo, em razão do decurso do tempo, não seria mais localizado em nosso litoral. Já mantive contato com o Corpo de Bombeiros sobre o assunto — afirmou.
Ao longo da operação, os bombeiros usaram embarcações, aeronaves e um drone para realizar a varredura. A corrente marítima também mudou ao longo da operação, invertendo o sentido no qual as equipes vasculhavam a orla. As buscas, que inicialmente se concentraram no limite entre Imbé e Tramandaí, estenderam-se para outros municípios do Litoral, no trajeto de Torres até Mostardas.
A procura diária também enfrentou como desafio a cor da água. Nos momentos em que o mar estava com tom mais escuro (chocolate), avistar algo se tornava mais complexo. As equipes contaram ainda com informações repassadas por pescadores, na tentativa de ampliar a faixa de buscas. No entanto, nos últimos dias, segundo os bombeiros, até mesmo as informações passaram a se tornar mais escassas.
Um alerta foi emitido pela Marinha para que as embarcações que passam pelo litoral gaúcho comuniquem caso visualizem algo suspeito. Da mesma forma, bombeiros de outros Estados também foram alertados sobre o caso, mas, até agora, sem respostas para o paradeiro do corpo do menino.
Um caso parecido e constantemente recordado pelos bombeiros aconteceu há dois anos. O surfista Gustavo Quadros de Oliveira, 18 anos, desapareceu nas águas em Imbé, em 6 de junho de 2019. O jovem acabou tendo o corpo localizado mais de um mês depois, em 31 de julho, na praia de Iguape, no sul de São Paulo, a cerca de 700 quilômetros de onde havia sumido.
Contrapontos
O que diz a defesa de Yasmin:
O advogado Jean Severo, um dos responsáveis por representar a mãe do menino no processo, afirma que ela se declara inocente, tendo sido coagida a confessar o crime (a polícia nega coação), e que só apresentará a versão do que aconteceu em juízo.
O que diz a defesa de Bruna:
GZH entrou em contato com a advogada Helena Von Wurmb, que atua em nome de Bruna Nathiele Porto da Rosa, 23, madrasta da criança, e aguarda retorno. Em manifestação anterior, a defesa havia afirmado que "quanto às provas produzidas até o presente momento, fica claro que nenhuma serve a comprovar nenhum envolvimento da Bruna no homicídio do Miguel. Assim, como elas afirmam, reafirmamos, a Bruna não teve nenhum envolvimento na morte do menino". A nota era assinada também pela advogada Fernanda Ferreira.