Comando da BM teria vetado participação, o que revoltou praças e oficiais.
Novas operações em catástrofes, práticas de salvamentos europeias e equipamentos americanos serão algumas das novidades apresentadas a bombeiros do país inteiro em evento a partir de hoje em Blumenau (SC). Profissionais do país devem estar presentes, mas servidores gaúchos podem não participar.
A exclusão teria sido ordenada pelo Comando-geral da Brigada Militar e não foi explicada diretamente para os profissionais que pretendiam participar do 11º Seminário Nacional dos Bombeiros. Um ofício reservado teria chegado na sexta-feira à mesa do comandante da corporação, Altair Cunha, que transmitiu a ordem às unidades. Cerca de 60 praças e oficiais já tinham até se inscrito, mas viram frustadas a oportunidade de desenvolver as práticas de salvamentos e combate ao fogo. A determinação revoltou os profissionais.
A falta de explicações fez crescer a suspeita de que o ressurgimento da polêmica da separação entre o Corpo de Bombeiros da BM possa ter sido o estopim da ordem.
– Não se pode confirmar nada. Mas é estranho uma atitude dessa logo depois da audiência pública que discutiu o assunto – diz o coordenador-geral da Associação dos Bombeiros do Rio Grande do Sul, Ubirajara Pereira Ramos.
Na audiência, realizada este mês na Assembleia Legislativa, oficiais catarinenses apresentaram os benefícios da divisão realizada em Santa Catarina, que criou uma unidade independente, com autonomia funcional e recursos próprios. Essa possibilidade, no entanto, não é bem vista dentro da cúpula da BM, que vê o trabalho dos bombeiros como positivo para a imagem da corporação na população.
– Pode ser uma espécie de isolamento, pois não há interesse do comando em ir para um evento onde a grande maioria dos participantes incentiva a separação – avalia Ramos.
Dois eventos serão realizados no Estado, diz comandante
Dos 27 Estados brasileiros, somente quatro mantêm as unidades vinculadas às polícias militares (São Paulo, Paraná, Bahia e o Rio Grande do Sul). Bombeiros gaúchos reclamam da vinculação e lamentam o direcionamento maciço do orçamento para o policiamento, a falta de estrutura e o pouco treinamento específico.
– Eu visitei Santa Catarina faz pouco tempo. Eles têm bons equipamentos e treinamentos. Quando se tem a oportunidade de aprender algo, não deixam ir – reclama um sargento, que preferiu não se identificar.
O comandante Altair afirmou que a BM não autorizou a participação custeada pelo Estado e que os servidores com condições de ir por conta própria não serão impedidos. Ele negou qualquer represália e disse que a decisão se baseia numa “política de gestão”.
– Não temos condições de custear, já que teríamos de pagar hora extras. Não há ordem para impedir a ida de ninguém. Quem tem autorização ou folga pode ir sem problemas – explicou.
De acordo com o oficial, “dois eventos de ponta” compensarão o não comparecimento ao seminário nacional. A data de um deles, sobre prevenção de acidentes, inclusive, coincide com o evento de Blumenau. A inscrição para o evento catarinense custa entre R$ 40 e R$ 80.
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