Morrer como herói é para poucos. O cabo do Corpo de Bombeiros Gustavo do Prado Costa, 29 anos, partiu com esse status, vítima da covid-19. Primeira morte em militares da ativa na Corporação, ele foi sepultado com honras militares no Jardim das Palmeiras, em Campo Grande, e muitas lembranças de sua atuação, seja no trabalho, seja na vida pessoal.
Gustavo, segundo a família, sempre quis ser bombeiro. Conseguiu em 2010. Era casado há um ano e meio. Para 2021, tinha planos com a esposa. Aguardava ser promovido a sargento para planejar o primeiro filho do casal.
A covid não deixou. Ele começou a passar mal cerca de 15 dias atrás, primeiro com sintomas leves. Quatro dias depois, estava internado, usando máscara. Há cerca de uma semana, ele mesmo autorizou o processo de intubação. Ontem, o quadro piorou e acabou morrendo, antes dos 30 anos, comprovando uma tendência da doença no atual pico, de atingir gente mais jovem.
Episódio heroico - Em 2012, recém integrado à Corporação, Gustavo participou do socorro às vítimas de acidente grave ocorrido em frigorífico de Bataguassu, quando 4 pessoas morreram e 23 ficaram feridas num vazamento de amônia.
No velório de Gustavo, hoje, o coronel Flávio Henrique Rodrigues, lembrou que, por ter atuado nesse episódio, ele recebeu uma honraria dada a muitos poucos. Foi um dos que entrou na fábrica para salvar os trabalhadores.
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No prédio onde morava, no andar de cima, vivia um casal de idosos. Nos últimos tempos, diante da pandemia, ele se preocupava em telefonar para os vizinhos e perguntar como estavam, relatou a irmã, Beatriz Prado Costa, de 24 anos.
“Ele era um homem bom”, definiu a irmã.
Os funerais, apesar de todas as restrições para quem é vítima da covid, foi disputado. Havia mais de cem pessoas. No meio delas, muitos representantes das forças de segurança, de bombeiros a agentes penitenciários federais.
Pelo menos 10 viaturas dos bombeiros, inclusive carros usados no combate a incêndio, fizeram parte do cortejo.
Religiosa, a família entoou o “Pai Nosso”, a “Ave Maria” e o “Salve Rainha”, orações tradicionais do catolicismo. No adeus, a mensagem de Timóteo. “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé”.
O bombeiro atuava na Coordenadoria de Gestão de Compras, Materiais, Contratos e Patrimônio, da Superintendência de Planejamento, Projetos e Ações Integradas das Políticas de Segurança Pública.
Texto: Marta Ferreira e Ana Paula Chuva