Cartinhas ao Papai Noel, na maioria das vezes, vêm acompanhadas de desejos simples, mas que farão o dia de alguém mais feliz. No pedaço de papel escrito por Kauê Melo, de 8 anos, o pedido era um só: dar um abraço nos profissionais do Corpo de Bombeiros de São Carlos. Pensando nisso, a corporação decidiu ir além e surpreendê-lo com uma festa surpresa com direito a cesta de Natal, presentes e até uma voltinha de caminhão na quinta-feira (12).
A tal cartinha depositada nos Correios chegou através da unidade nas mãos da Cabo Jéssica Mutinelli, que de início não acreditou que fosse verdade. Então, ela e mais um companheiro de trabalho, foram até o endereço escrito no papel. E chegando lá, a história se confirmou.
"Dava para sentir a alegria deles quando chegamos, e aquilo sensibilizou a gente. Nós falamos com o comandante, compramos uma cesta de Natal e conseguimos doação de brinquedos. De imediato já pensamos: vamos dar mais que um abraço, vamos dar para ele um Natal digno", contou ela.
O convite para visitar o quartel surgiu após essa visita. A corporação se mobilizou para receber o pequeno Kauê, acompanhado dos irmãos Kauan e Letícia e da avó Maria Aparecida para conhecerem o espaço e os materiais de trabalho.
"Nós pensamos que era possível fazer muito mais do que dar somente um abraço, então a gente se mobilizou para conseguir oferecer um pouco mais para ele e dar um dia especial para a família. E para nós também, é claro", comentou o sargento Eder Carlos Poletti.
O grande encontro
Ao sair do carro oficial do Corpo de Bombeiros onde pegou uma carona -, a primeira reação do pequeno Kauê não podia ser outra: abraçar todos os bombeiros que lhe aguardavam com sorrisos no rosto e braços abertos.
Depois dos cumprimentos, Kauê ganhou um traje de bombeiro, com direito a capacete e jaqueta, e entrou no caminhão para tocar as sirenes e dar uma volta pelo bairro, como sempre sonhou.
O dia terminou com entrega de presentes para os três irmãos. Entre os pacotes, uma figura que fará com que as crianças nunca esqueçam o que viveram naquela tarde, um urso de pelúcia do mascote do Corpo de Bombeiros, o cão Faísca.
"Estou muito feliz", foi a frase que mais se ouvia do pequeno naquela corporação, e junto dela, o sorriso estampado no rosto e a gratidão também dos profissionais declarados como heróis.
"Quem não sonhou em ser bombeiro um dia? Quem não esteve no lugar deles? Nós já estivemos assim como eles estão hoje. É muito difícil a gente mensurar o que sente, são várias sensações. Lembrar lá atrás e ver a nossa trajetória de sonho realizado e ainda ajudar essa criança e contribuir com esse sonho não tem preço, é uma gratidão que não tem igual", disse a Cabo Mutinelli.
Desde criança
Segundo a avó Maria Aparecida Mello, o amor pelos bombeiros já existe desde pequeno, quando Kauê ganhou um caminhão e não conseguia mais largar.
Foi neste Natal que Kauê viu a oportunidade de tentar realizar seu sonho. Pediu para a avó escrever a cartinha, e por conta da letra ainda inelegível, sua mãe reescreveu e depositou na agência.
"Perguntei o que ele queria de Natal e ele disse que não queria nada, que só queria vir conhecer todos eles. Quando os Bombeiros foram em casa, ele se sentiu muito feliz e privilegiado. Diante da vida simples que a gente tem, é uma honra para nós eles terem ido lá. Graças a Deus, esse é o melhor presente de Natal do mundo", desabafou a avó.
E, pelo que todos puderam perceber na tarde desta quinta-feira nublada, a felicidade e a gratidão tomavam conta da família. E quando perguntado se Kauê ainda tinha certeza de que seu sonho é ser bombeiro, a resposta foi uma só. "Absoluta. Quero salvar vidas igual eles fazem".