É no bairro Juventude, mais precisamente na avenida Osvaldo Aranha, em Bento Gonçalves, que se encontra desde 5 de janeiro de 1959 a sede de uma importante corporação para toda região: a 3° Companhia Especial de Bombeiros Militar.

A capacidade operacional conta com 38 bombeiros que estão de prontidão para atender a comunidade em situações que vão desde as mais simples até as mais complexas, como as que envolvem incêndios de grandes proporções. Em 2020, a corporação atendeu 1.549 ocorrências. Este ano, até o dia 25 de fevereiro, foram 216.

O primeiro sargento, Jorge Alex da Silva Rodrigues, 43 anos, explica que a média de chamadas varia de acordo com o período do ano. “Tem dias que recebemos 15, mas tem outros que são duas, três. Depende da época, do fluxo de trânsito. Bento tem característica de receber muita gente de fora para fazer entregas e vendas, são pessoas que vem circular aqui e ocasionalmente se perdem no fluxo e geram acidente”, exemplifica.

Outros tipos de circunstancias também fazem parte da rotina destes profissionais. “A constituição federal e estadual nos imputa a missão de fazer trabalhos de busca, salvamento, onde temos um leque bem grande, além do combate e prevenção a incêndios e defesa civil”, afirma.

Contudo, o sargento define que esse ano está sendo atípico em ocorrências. “Tínhamos e ainda temos alguns afogamentos, algumas buscas de cadáveres em meio aquático, de pessoas que se aventuram e infelizmente faleceram por afogamento ou até mesmo de congestão. Geralmente isso acontece no verão. Este ano ocorreram alguns, mas não tantos, ainda bem”, explica.

O desafio de salvar vidas

Rodrigues trabalha como bombeiro desde 2003. Entretanto, atua na carreira militar desde 1997. “Optei pelo Corpo de Bombeiros porque é uma atividade que exige alta performance, precisa de coragem, decisão, determinação, abnegação e principalmente, amor ao que se faz e as pessoas”, salienta.

O sargento defende que a profissão exige o desejo de ajudar os outros, já que diariamente estão envolvidos em situações de alto risco. “Ninguém em sã consciência entra dentro de uma casa que está pegando fogo. O normal, do extinto humano é se afastar, mas a gente entra, principalmente se tiver uma vida humana para ser salva, mesmo correndo risco com a própria vida”, salienta.

É pelo tipo de situações enfrentadas constantemente que Rodrigues afirma que é um desafio atuar como bombeiro. “A gente nunca sabe de manhã, quando dá tchau para a família para vir trabalhar, se vamos retornar novamente. É como uma roleta, porque não sabemos o que vai acontecer. Claro, esperamos que tudo dê certo, usando todas as técnicas, trabalhando em equipe, seguindo os protocolos e todas as medidas de segurança”, destaca.

A dádiva de ajudar o próximo

Rodrigues define como se sente em situações de salvamento: viciado em fazer bem ao próximo. “O atendimento de ocorrência, principalmente quando conseguimos êxito no salvamento de pessoas, é muito satisfatório. É praticamente uma cachaça, porque a gente se vicia em fazer o bem”, enfatiza.

Ele vai além e afirma que cada vez sente vontade de fazer mais. “Um dos nossos requisitos é querer fazer o bem para as pessoas. Esse instinto faz a gente chegar rápido, atender bem e fazer o salvamento. É muito bom”, orgulha-se.

Infraestrutura

Em Bento, a 3° Companhia Especial comanda os três quarteis da cidade. O primeiro pelotão é o prédio que fica no Juventude. O segundo, localizado no bairro Fenavinho, só é ativado ocasionalmente, quando tem atividades de grande porte na Fundaparque. “O comando designa recurso humano para que consigamos usar durante o evento e para que possamos fazer um atendimento mais próximo”, afirma.

Os bombeiros também contam com o Centro de Capacitação e Treinamento (CCT), situado no Salgado Filho. “É um braço da academia de Porto Alegre.  Além de formar para carreira, também temos cursos e treinamentos para militares já formados. Inclusive, há poucos dias a Universidade de Caxias do Sul (UCS) fez um treinamento lá. Outras instituições também solicitam”, acrescenta.

Outro destaque é referente a infraestrutura que o efetivo dispõe para treinamentos de combate a incêndio. “Temos um container simulador, onde colocamos fogo dentro e entramos para simular as características da situação. Assim, nosso servidor consegue ter um laboratório de estudo, identificando e criando mais segurança. Além de entender bem o fenômeno para que em caso de incêndio, saibam como usar da melhor forma a água”, salienta.

Juventude: bairro com vida

O sargento Rodrigues define a região do bairro Juventude como uma área com vida, inclusive durante as madrugadas. “A gente tira serviço 24 horas, então, inevitavelmente conseguimos ter um parâmetro do bairro”, explica.

De acordo com ele, o local sempre tem grande fluxo de pessoas. “A gente olha por aí, está tudo meio parado e aqui, na noite, sempre tem alguém circulando, principalmente nas noites de festa, quando estava liberado, nos sábados para domingo o movimento era bem grande”, enfatiza.

Outra característica percebida é quanto a prática de atividades físicas no bairro. “Como a Osvaldo Aranha é plana, se torna bem propícia para as pessoas que gostam de correr e caminhar, porque não tem tanta subida e descida. Aqui o pessoal pedala, caminha, corre. A gente vê esses atletas de manhã e de tardezinha”, observa.