As enchentes que atingiram mais de 100 municípios gaúchos e causaram 48 mortes, na primeira quinzena de setembro, trouxeram à tona a discussão sobre a necessidade de aumentar o efetivo das forças de segurança. Mesmo com déficit de aproximadamente 700 soldados, candidatos do último concurso do Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS), aprovados em 2017, ainda aguardam o chamamento e a nomeação pelo Poder Executivo. 

"Pedimos nossa nomeação desde 2018, quando foi o concurso foi homologado", declarou a presidente da Comissão dos Aprovados do CBMRS, Mariana de Bem Macedo.  "Atualmente, temos inúmeros pontos que foram afetados [pelas chuvas] e precisam de efetivo, tanto que foram deslocados bombeiros de todos os cantos, inclusive vindos de outros estados. Não temos efetivo suficiente nem para atender ocorrências do cotidiano. Nossa convocação aumentaria o número de pessoas qualificadas para auxiliar a comunidade em catástrofes, que estão ficando cada vez mais frequentes", enfatizou.
  
Ainda segundo Mariana, uma turma de 100 alunos ainda em formação, com apenas três semanas de curso preparatório no CBMRS, precisou ser deslocada para auxiliar a Defesa Civil gaúcha nas áreas afetadas pelas chuvas. "O governo investiu em maquinário para os bombeiros porém, não em recuperação de efetivo", destacou ela, acrescentando que mais de 200 aprovados ainda esperam pela nomeação.

"É muito importante ter cobertura de efetivo, principalmente em desastres naturais. Essa necessidade também ocorre por conta da compensação dos [militares] que passam para a reserva. Infelizmente, temos guarnições com quatro homens, o que dificulta ainda mais o trabalho em municípios isolados", enfatizou o  tenente-coronel Ederson Franco, presidente da Associação dos Bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul (ABERGS).

"Temos efetivos vindos Santa Catarina e Paraná,  para nos dar apoio nas buscas. Se tivermos esses efetivos inseridos junto ao CBMRS, teremos maior quantidade de equipes qualificadas para esse tipo de evento", refletiu o coronel, afirmando também que. além das enchentes, o combate a incêndios florestais durante o verão também requer maior número de equipes. "No início do ano houve um grande incêndio na Reserva do Taim. Os bombeiros foram oferecer apoio do outro lado de São Borja, na Argentina. O chamamento [dos aprovados] para o efetivo é fundamental", concluiu.