O Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul terá estrutura para combater incêndios florestais de grandes proporções com a aquisição de dez caminhões auto bomba tanque florestais (ABTFs) e outros dez off-road (que trafegam em locais não pavimentados e de difícil acesso) para transportar a tropa. Com esses equipamentos, a corporação avalia que terá melhores condições de atender situações de queimadas, como as que assolaram o Pantanal no ano passado e consumiram cerca de 2,5 milhões de hectares do bioma.

A verba veio do Ministério da Justiça por meio do Fundo de Direitos Difusos, projeto para proteção ambiental que tem por objetivo a prevenção e combate a incêndios em vegetação. Ao todo, são R$ 13.025.200,00 divididos entre R$ 12.894.948,00 enviados pela União e R$ 130.252,00 de contrapartida do Estado.

De acordo com o chefe do Centro de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, tenente-coronel Waldemir Moreira Júnior, o dinheiro já está nos cofres do Estado e está em período de desenvolvimento da licitação para a compra dos veículos.

Além disso, serão adquiridos 240 equipamentos de proteção individual (EPIs) para uso dos militares que participarem das operações de combate às chamas em vegetação. Conforme o tenente-coronel, esses equipamentos serão semelhantes aos utilizados pelos bombeiros do Distrito Federal, que no ano passado estiveram por duas vezes no Estado auxiliando no combate a incêndios no Pantanal. Cada EPI custa, em média, R$ 4 mil.

Quando os veículos e EPIs estiverem à disposição do Corpo de Bombeiros, o Estado terá pela primeira vez a capacidade de responder prontamente a incêndios em regiões de difícil acesso. “Vai aumentar nosso poder operacional de resposta. Pensando no Estado como um todo, nós temos nessa área ambiental vários cenários. Nós temos três biomas, o Pantanal, o cerrado e a Mata Atlântica”, disse Moreira.

“Nosso Estado é pouco populoso, mas ele tem distâncias muito longas e o que a gente sentiu muito nessa temporada, principalmente no Pantanal, foi fazer chegar a logística naquela fazenda, naquele incêndio. Por exemplo, para o avião funcionar ele precisa de combustível, tem a pista de pouso nas fazendas, mas tem de chegar lá o combustível, um caminhão-pipa. Então, agora, vamos conseguir chegar nos locais com a logística necessária”, exemplificou o chefe do setor.

Para tentar dar essa resposta mais rápida e tentar evitar que o fogo se prolongue por muitos dias, o planejamento dos bombeiros é o de dispor as novas viaturas em áreas próximas a locais onde esses incidentes são mais frequentes.

“Estamos com o projeto de criar alguns quartéis em municípios que ainda não têm, como Ribas do Rio Pardo e Santa Rita do Pardo, que já estão até em construção. Esses ABTFs vão ser posicionados estrategicamente no Estado todo, em regiões circunvizinhas a unidades de conservações, para que eles façam esse combate. Coisa que a gente faz com caminhonete hoje, porque os caminhões não conseguem chegar em alguns lugares”, explicou Moreira.

Esse edital, porém, não prevê a compra de aeronaves. Para isso, a corporação tenta outro edital especificamente para comprar helicópteros. Entretanto, essa nova medida, segundo o chefe do Centro de Proteção Ambiental, ainda está muito distante de ser realizada, já que somente a compra das aeronaves não é suficiente, uma vez que há necessidade de se ter um piloto e a compra de combustível para manter o equipamento.

PANTANAL

Em setembro do ano passado, a região do Pantanal sul-mato-grossense foi afetada por um dos maiores incêndios na região, quando cerca de 2,5 milhões de hectares foram consumidos pelas chamas e 300 homens atuaram para conter o fogo. 

Para isso, foi preciso a ajuda de 34 bombeiros do Distrito Federal, que passaram 13 dias em Mato Grosso do Sul. Além da ajuda no efetivo, a corporação trouxe uma aeronave Air Tractor, especializada em combate a incêndios, que atuou na região.

Também foram usados dois helicópteros vindos de São Paulo e um avião do Comando Militar do Oeste (CMO), que serviu para o deslocamento dos militares. Juntos, os aviões transportaram 215 mil litros de água que ajudaram no combate às queimadas do Pantanal. Quando chegou no pico, Mato Grosso do Sul registrou quase 700 focos de incêndio, a maioria na região pantaneira.

Já em novembro, outra operação foi necessária na região. Desta vez, para conseguir conter as chamas foi preciso o auxílio dos bombeiros de Mato Grosso e, novamente, do DF, que empregaram aviões e efetivo.

HISTÓRICO

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou, em 2019, 3.210 focos de incêndio em setembro, 2.310 em outubro e 1.243 em novembro, totalizando 6.763 focos em Mato Grosso do Sul nos primeiros 22 dias de cada mês. Neste ano, até a quarta-feira (22) já foram registrados 78 focos só em Corumbá; no Estado, ao todo foram 146 focos.

Texto: Daiany Albuquerque