É pelo rádio que chega o alerta: aeronave comercial, com 40 pessoas a bordo, acaba de cair numa área de difícil acesso no sertão do Valongo, entre as cidades de Tijucas e Porto Belo. São quase duas horas a pé, em meio à mata, num percurso de seis quilômetros. No local, a situação deixa os nervos à flor da pele. Há sangue, corpos e passageiros pedindo socorro. Para os alunos do Tron (Treinamento Operacional de Desastres Naturais) do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, a simulação, realizada nesta terça-feira (12), que teve com base o acidente aéreo que envolveu a Associação Chapecoense de Futebol, na Colômbia, ano passado, exigiu o máximo do esforço físico, bravura e concentração.
O major Walter Parissotto, coordenador do Departamento de Busca e Resgate e Salvamento com Cães de Xanxerê, Oeste do Estado, explicou que o treinamento vem sendo planejado desde a tragédia que abalou o País. “Mantemos amigos em Medelín, os contatamos e percebemos as dificuldades dos bombeiros durante o resgate. Então surgiu o treinamento para que pudéssemos preparar as nossas equipes”, comentou.
Pela simulação, a aeronave caiu em virtude do mau tempo. Desde o último final de semana, os alunos vêm recebendo avisos meteorológicos (também simulados), que dão conta de situação de enchentes em algumas cidades do Litoral e Vale do Itajaí. “Eles não sabiam de nada e estavam se deslocando para o município de Itapema para acionar o plano de cheias daquela cidade e iniciar algumas evacuações de famílias de áreas de risco. Foram desviados da rota e levados a Tijucas para atender o acidente”, arrematou o coronel Aldo Batista Neto, coordenador do Tron. Para obterem a certificação eles tinham que percorrer o local no período noturno, localizando as vítimas e realizando os atendimentos.
Cães também passam por seleção
Na local do desestre aéreo, além dos alunos, os câes também são avaliados. Hero, de 2 anos e 45 quilos, do quartel de Tijucas, teve sua última chance para conseguir a certificação. O cabo Luiz Carlos Veronezi trabalha com o animal desde os 45 dias de vida e o treina em inglês, para que ele também possa passar, no futuro, por avaliações internacioais. “A linhagem dele vem de busca e resgate. Temos a classificação da ninhada, são poucos selecionados e esperamos conseguir a classificação”, comenta o Bombeiro.
De acordo com o Major Walter Parissotto, os aprovados poderão ser empenhados nas ocorrências reais. A avaliação homem/cão tem o mesmo peso. O trabalho em conjunto é importante na decisão final. Assim que chega no local, o cachorro tem 30 minutos para localizar as vítimas ou cadáveres. “Cão que é incapaz de encontrar uma pessoa em até 30 metros de área, não conseguirá atuar na situação real. Por isso usamos como teste”, complementa.
Fonte: Notícias do Dia / BRUNELA MARIA, TIJUCAS