Abergs pretende marcar uma audiência com Tarso e com o comando da BM para tratar do assunto
Aproveitando a posse do novo governo, a Associação dos Bombeiros do Rio Grande do Sul (Abergs) voltou a reivindicar a desvinculação da corporação da Brigada Militar (BM). De acordo com o coordenador da associação, soldado Ubirajara Pereira Ramos, a entidade pretende marcar uma audiência com o governador Tarso Genro e com o comando da BM para conversar sobre o assunto. A discussão é antiga – em 1995, um projeto com essa intenção foi arquivado na Assembleia Legislativa. Em 2000, ele veio à tona e durante os últimos quatro anos foi discutido, sem resultados concretos.
Segundo Ramos, atualmente o Estado tem cerca de 2,4 mil homens e nem todos os municípios possuem um Corpo de Bombeiros. A desvinculação proporcionaria aumento do efetivo, com a corporação tendo orçamento próprio para investir em equipamentos e formação. “São 124 quartéis em todo o Estado, que abrange 93 municípios”, afirmou o coordenador da Abergs. “Ou seja, cerca de 400 municípios estão sem bombeiros”, completou.
Curso deficiente
Uma das reclamações, conforme Ramos, é quanto a formação do bombeiro. Ele lembra que 70% do curso de formação é voltado ao policiamento ostensivo, restando apenas 30% para a atividade de bombeiro propriamente dita. “Isso prejudica a formação do profissional, além de ser um desperdício”, afirma. Segundo ele, o Estado investe em qualificação que o bombeiro não vai usar.
Ramos explicou que, na Bahia, a separação ocorrerá em 2012 e, no Paraná, ainda este ano. Ele salientou apenas que o Rio Grande do Sul e São Paulo estão ligados à Polícia Militar. “Aqui (no Rio Grande do Sul) os bombeiros eram separados da BM, mas em 1935 houve a vinculação à Brigada”, disse.
O comandante-geral da BM, coronel Sérgio Roberto Abreu, no entanto, afasta qualquer perspectiva de desvinculação. Segundo ele, existe uma política direcionada aos bombeiros para a qualificação e a reequipamento, além de aumento de efetivo. “Quanto ao curso, existe a formação básica para qualquer servidor da BM”, disse. “Depois, segue para a parte direcionada para bombeiros.”
Abreu lembra que existe um quadro funcional específico para os bombeiros e quem segue a carreira continua na corporação. Ele também fez questão de ressaltar que quem está nos bombeiros não é transferido para outra instituição. “Os bombeiros do RS são referência, alguns foram à África serem instrutores, além dos cursos oferecidos, através de convênio com o Japão.”
Fonte: Paulo Roberto Tavares / Correio do Povo 22/01/2011