A maior operação de resgate da história, iniciado após o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, completa, nesta sexta-feira (28), 400 dias ininterruptos. Com menos da metade do efetivo que atuava na lama, os bombeiros continuam as buscas pelas 11 vítimas desaparecidas, sem prazo para terminar. Quem garante é o porta-voz da corporação tenente Pedro Aihara.
Há mais de um ano, cerca de 10,5 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos vazaram da barragem da Mina Córrego do Feijão e encobriu a área administrativa da Vale e também a comunidade do entorno. Até agora, 259 pessoas foram identificadas. Onze seguem desaparecidas.
"Passados 400 dias depois, a situação de trabalho é bem mais complicada. Mas ainda não atingiu ponto de encerrar as buscas", disse tenente Aihara.
De acordo com o militar, o número de bombeiros em campo reduziu de cerca de 150, aos 300 dias de operação, para 65, aos 400 dias, porque grande parte da área atingida pela lama de rejeitos já passou por varredura.
"Agora é um trabalho mais repetitivo, mais sistêmico, não justifica empregar a mesma quantidade de militares de fases anteriores, considerando o tipo de trabalho que é realizado agora. É mais uma forma de dimensionar os recursos humanos que a gente tem", disse.
Embora tenha ocorrido a redução no efetivo, o de máquinas permanece em 150. Este maquinário pesado faz um processo que os militares denominam de "dobras", que é revirar cuidadosamente o minério, enquanto um militar faz inspeção visual do material.
Os corpos foram encontrados em profundidades variadas, de 3 a 9 metros. 90% dos corpos estavam a uma profundidade máxima de 3 metros.
De acordo com Tenente Aihara, passado todo este tempo, os segmentos agora estão em estado mais avançado de decomposição, o que dificulta a identificação posterior no Instituto Médico Legal (IML).
Reidentificações
Até agora, a Polícia Civil recebeu 865 fragmentos para identificação. Destes, 336 foram casos de reidentificações, ou seja, de vítimas que já tinham sido reconhecidas em data anterior. 81 casos foram inconclusivos e 42 seguem em análise.
As últimas reidentificações foram divulgadas na última segunda-feira (24). Eram dois segmentos encontrados pelo Corpo de Bombeiros nos dias 28 de janeiro e 3 de fevereiro.
A primeira já tinha sido identificada no dia 31 de janeiro de 2019 e outra no dia 19 de maio deste ano. As duas vítimas foram identificadas através de DNA.
A Polícia Civil informou que, enquanto os fragmentos forem localizados, continuará os trabalhos de identificação.