Uma semana após a queda de um carro na cratera que se abriu durante a chuva forte em Araraquara (SP), bombeiros seguem nas buscas pela menina Gabriela Santos Leite, de 10 anos. O trabalho previsto para recomeçar na manhã desta quarta-feira (4) deve ser avaliado porque chove na cidade.

Segundo a Defesa Civil, são esperados 180 milímetros chuva até sexta-feira (6). Em dezembro, foram 515 milímetros, mais do que o dobro da média prevista para o mês.

‘Vamos continuar as buscas, não tem previsão e não tem ordem superior para encerrar’, disse o tenente Fábio Augusto Rissato, em entrevista ao g1 na terça-feira (3).

Tragédia

O acidente aconteceu na noite de quarta-feira (28) quando o asfalto cedeu na Avenida Padre Francisco Salles Culturato (Avenida 36) por conta da força da chuva.

Cinco corpos foram encontrados na quinta-feira (29) e, desde então, as buscas pela criança seguem.

Os trabalhos foram interrompidos algumas vezes por conta do mau tempo, inclusive na tarde de terça-feira (3), porque segundo o tenente a chuva deixa tudo mais limitado e há riscos para a equipe.

“Existem algumas represas rio acima que alimentam o córrego das Cruzes. Quando chove, o nível da água sobe rápido, a situação se torna perigosa para o pessoal que está trabalhando nas margens porque há riscos de deslizamento”, afirmou o tenente.

Segundo o bombeiro, os trabalhos começaram próximos ao local onde estava o carro e foram encontrados cinco corpos.

Na sexta-feira (30), os profissionais contaram com a ajuda da cadela farejadora Joy, que veio de São Paulo. O animal pode ajudar nas buscas desta quarta-feira.

A cadela tem especialidade de identificar pessoas vivas (em escombros) ou mortas. Mas o animal não consegue chegar em alguns pontos por causa do terreno irregular. Descer com o cão em embarcação não é viável, segundo o bombeiro.
 

No primeiro dia, 15 bombeiros trabalharam nas buscas. Atualmente, sete homens estão atuando, eventualmente com o apoio externo dos bombeiros de Ribeirão Preto que operam um drone. O helicóptero Águia da Polícia Militar também foi utilizado nas buscas e sobrevoou alguns pontos.

O tenente explicou que não é possível utilizar mergulhadores nas buscas. “O local onde o carro caiu até a cachoeira (Salto Grande) tem vários pontos rasos, com água na cintura. No fundo do rio tem muitas pedras, então é zero visibilidade.”

Área ampliada

Com o passar dos dias, os bombeiros mudaram a estratégia de busca com a hipótese de que o corpo possa ter descido o leito do rio e ampliaram a área.

“Analisamos no mapa, é uma área grande. O nível do rio subiu e a gente também trabalha com a ideia que o corpo possa ter descido mais. Há uma área de 15 km até o Rio Jacaré”, explicou o tenente Rissato.

As equipes avançaram a pé ao longo do leito do rio e estão trabalhando no trecho após a cachoeira do Salto Grande, em uma área distante 5 km do local do acidente.

Uma das possibilidades é que o corpo da menina esteja preso ao leito do rio. “O local é complicado porque tem muita vegetação e a chuva derrubou muitas árvores, há muita lama. Se o corpo enroscou na vegetação, não vai boiar”, afirmou o bombeiro.