Apolo, um labrador preto de 2 anos e 7 meses é o representante da décima geração de uma linhagem cães de busca, que são treinados pelo Corpo de Bombeiros do Rio para atuar no apoio a eventos de localização de vítimas ou sobreviventes em deslizamentos e desabamentos ou de pessoas perdida nas matas. Apesar do pouco tempo de vida, ele já trabalha como gente grande. Seu faro afiado já esteve a serviço nos escombros dos desabamentos de uma casa de três andares no Morro do Salgueiro, na Tijuca, em novembro de 2021; de um prédio também de três andares, em Nilópolis, na Baixada, em outubro; e de um prédio de quatro andares em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio, em junho. Todos com vítimas.
— O cão é uma ferramenta de busca. São usados para localizar pessoas ou descartar que não há mais vítimas ou sobreviventes debaixo dos escombros — diz o tenente William Pellerano, de 34 anos, chefe de operações do canil, há 15 na corporação.
O militar explica que os cães sempre atuam em dupla com um bombeiro. No caso de Apolo, seu condutor é o próprio tenente Pellerano:
— Num primeiro momento, o bombeiro se vale da verificação visual ou da audição (quando há pedido de socorro, vindo de baixo dos escombros, por exemplo). Quando essa verificação não é possível, entra em campo o cão com o poder do seu olfato, que é 40 vezes mais sensível que o do humano.
Apolo integra uma tropa de elite canina composta atualmente por 17 animais. Eles servem na Seção de Operações com Cães do 2º Grupamento de Socorro Florestal e Meio Ambiente, localizada em Magé e que acaba de completar 15 anos de existência. É considerada uma das mais capacitadas do país, com participação em eventos fora do Rio, como no rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019. Cães da corporação já foram enviados para ações até fora do Brasil. Em 2011, ajudaram nas buscas por vítimas de um terremoto que matou 316 mil no Haiti. Eles possuem mais de mais de 40 certificações nacionais e internacionais, uma espécie de reconhecimento de sua qualificação.
— Temos um plantel de militares e de cães excelentes e sempre buscando a perfeição. Os resultados obtidos são frutos de uma dedicação quase exclusiva. São 24h à disposição desse trabalho. Tem até casos de muitos militares que estão na reserva que não abrem mão de passar sua experiência para os mais novos — explica o coronel Douglas Henaut, comandante do 2º GSFMA.