Os binômios participantes da Certificação Estadual promovida pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS) se formaram nesta sexta-feira (6/8). Desde a quarta-feira (4/8), os cães e os bombeiros militares condutores realizaram provas de busca e salvamento em áreas rurais e urbanas, além de testes de obediência. Ao todo, 21 cães participaram dos exames para a certificação. A solenidade de formatura teve a presença de 12 binômios – os demais precisaram ser encaminhados para ocorrências no Estado.
Na cerimônia, cinco binômios receberam homenagem pelo destaque em cada uma das especialidades. Na prova de busca rural por vítima viva, o agraciado foi o cão Sheik, conduzido pelo 2° sargento Alex Sandro Teixeira Brum, do 4° Batalhão de Bombeiro Militar (4° BBM), de Santa Maria. Na busca rural por resíduos biológicos (restos mortais), o reconhecimento ficou com a cadela Guria, conduzida pelo 2° sargento Alexandre Furtado Silvera, da Companhia Especial de Busca e Salvamento (CEBS).
Na busca urbana por vítimas vivas, quem se destacou foi o cão Barney, companheiro do soldado Manoel Batista Neto, do 6° BBM de Santa Cruz do Sul. O Logan, cão do soldado Vagner Charão Lago, recebeu menção pela atuação na busca urbana por resíduos biológicos. A dupla atua em Itaqui, área atendida pelo 11° BBM, que tem sede em Santo Ângelo. A cadela Juju e o soldado Jair Silveira da Silveira, do 4° BBM, se destacaram na busca por odor específico.
No terreno da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), um espaço com mata para simulação de buscas em área rural, os cães participaram de provas para encontrar vítimas, odor específico (quando o cão sente o cheiro da vítima que ele precisa encontrar) e também restos mortais.
Para a realização das provas em área rural, o CBMRS teve o apoio dos policiais militares com cães do 2° Batalhão de Polícia de Choque (2° BP Chq) da Brigada Militar em Santa Maria, e dos militares com cães do Exército e da Aeronáutica. Pelo conhecimento dos profissionais, que também atuam com caninos, a parceria foi importante para manter a excelência nas avaliações dos binômios bombeiros. Os militares das outras entidades atuaram como vítimas perdidas no mato, assim, quando eram encontrados pelos cães, podiam emitir uma opinião isenta e técnica sobre o comportamento do animal durante a ocorrência.
Na prova de busca por odor específico em áreas rurais, eram apresentados ao cão dois cheiros. Um era de uma pista falsa, alguém que não estava dentro da mata, o outro era o odor correto da vítima a ser resgatada. Em um trajeto de aproximadamente dois quilômetros de incursão na mata, o cão, conduzido por uma guia longa, tenta localizar a vítima, o que deve ser alcançado em no máximo 30 minutos. Além do desafio de identificar o odor presente no ambiente, o cão passava por "vítimas plantadas", ou seja, pessoas com odor diferente do que o cão devia rastrear. Quando localiza a vítima correta, o cão começa a latir. A prova é considerada encerrada quando o binômio pronuncia a frase "vítima localizada".
Na área da EcoSanta, empresa parceira para a realização das atividades de avaliação dos cães, foram realizadas diversas provas de busca em áreas urbanas. O espaço, usado para destinação de resíduos secos, simulava uma estrutura colapsada.
Em uma área delimitada por uma fita zebrada, sob escombros de obras, dois figurantes simulavam as vítimas vivas que precisavam ser resgatadas. Os binômios eram chamados na área de prova um a um. O bombeiro se apresentava com o animal ao oficial de prova, o tenente-coronel Cláudio Morais Soares. O condutor do canino recebia as instruções e, ao sinal do apito, podia liberar o cão para as buscas.
O bombeiro não podia avançar para além da fita zebrada. De fora do perímetro, conduzia a ação do cão. A área apresentava algumas dificuldades para o avanço do animal, simulando um imóvel desabado. Quando o canino encontrava uma das vítimas, o bombeiro era autorizado a avançar na área delimitada, para premiar o cachorro com um petisco e conduzi-lo para fora do circuito. Assim, começava a busca pela segunda vítima.
O tempo para execução da prova também era de 30 minutos, padrão em todas as modalidades. A cada vítima encontrada, os locais de resgate eram alterados. Além do terreno difícil para escalar, os animais também precisaram lidar com a diversidade de odores presentes no local, que tem grande circulação diária de pessoas. Alguns animais, mesmo treinados, dispersavam das buscas e saíam do perímetro, indo para outras áreas do terreno. Os militares, respeitando as dificuldades dos cães, saíam da área de prova.
No teste de obediência, os binômios passaram por um circuito de atividades e comandos. Foram usados obstáculos como uma prancha instável, pendurada por correntes, que o cão precisava atravessar, uma passagem de túnel e uma prova de comportamento em área de circulação de pessoas e outros cães.
Presidente da Câmara Técnica de Cinotecnia do CBMRS, tenente-coronel Romeu Rodrigues da Cruz Neto, reforçou aos participantes o compromisso do CBMRS para a qualificação do trabalho com cães. "Preciso dizer que estou muito orgulhoso do desempenho dos senhores. Além disso, como cachorreiro que sou, fico muito feliz de ver o desenvolvimento dos nossos bombeiros de quatro patas", disse o tenente-coronel Romeu.
O comandante do 4° BBM, tenente-coronel José Carlos Sallet de Almeida e Silva, exaltou a parceria da comunidade com o CBMRS, que possibilitou a realização das provas no município. "Nossa unidade era a mais equidistante das demais, o que proporcionou um deslocamento similar de qualquer região do Estado. Além disso, nossa parceria com a comunidade local nos proporcionou uma grande facilidade para locais de avaliação que simulavam todos os tipos de terrenos para uma certificação completa", destacou o tenente-coronel Sallet.
O coordenador de avaliações, 1° tenente Ivan Flores da Rosa, que atualmente trabalha na Defesa Civil Estadual em Santa Maria, pontuou que a parceria com órgãos de todo o Estado foi muito positiva para desenvolver o curso e buscar nos cães as principais habilidades adquiridas nos treinamentos. "Fizemos aqui provas em áreas urbanas e rurais e pudemos simular diversas ocorrências em que o cão precisa atuar. Mais de 90% dos cães passaram em todas as atividades, o que demonstra a excelência que os bombeiros militares buscam para atender a população", enfatizou o tenente Ivan.
Um dos binômios participantes da certificação, o soldado Alício Abilio da Silva Stabel e o cão Lugh, da CEBS, já tinha oito anos de experiência com cães pelo período em que ainda estava vinculado à BM. Ele avalia que o trabalho dos animais do CBMRS é intenso e, muitas vezes, extenso. "Na Brigada, nós atuávamos, principalmente, em ocorrências específicas, dentro da cidade, e segurança em jogos. Hoje, treinei esse garoto que está há dois anos comigo nos bombeiros, ele é especialista em busca por vítimas vivas, então, as vezes ficamos horas em incursões para resgatar pessoas", explicou.
O soldado Stabel e o cão Lugh deixaram Santa Maria assim que finalizaram as provas, ainda na quinta-feira (5/8). Junto com o soldado Juliano Soares Sodre e o cão Odin, foram destacados para apoiar nas buscas pela criança que teria sido dopada pela mãe e, supostamente, jogada no rio, dentro de uma mala, em Tramandaí.
Texto: Lurdinha Matos/SSP
Fotos: SD Nicolas Castro e SD Leonardo Andrades/ACS, SD Kleyton Dallazuana/2° BBM