O deputado Marlon Santos (PDT) tomou posse, nesta quinta-feira (1º), como novo presidente da Assembleia Legislativa gaúcha. Durante discurso, responsabilizou o que chamou de falta de diálogo do governador José Ivo Sartori pelo fato de nenhum projeto ter sido votado na convocação extraordinária da Casa, realizada entre segunda e quarta-feira.

Segundo o deputado, a Assembleia não ter votado o projeto que autoriza o Estado a aderir ao regime de recuperação fiscal da União indica que os parlamentares tinham dúvidas sobre o tema. Para ele, sugestões também não foram ouvidas pelo governo.

— Por que esse grupo estaria contra o Estado? Essa lógica não existe, aqui ninguém é bobo. Todos têm a preocupação de melhorar o Rio Grande do Sul. Se não se aprova ou se posterga, é porque a Assembleia está esperando esclarecimentos — afirmou.

Em entrevista coletiva após a cerimônia de posse, Marlon Santos disse que sua primeira ação como presidente da Assembleia será a tentativa de pacificar a relação entre Executivo e Legislativo. Para o deputado, a ausência de Sartori – que viajou para Santa Catarina e foi representado pelo vice, José Paulo Cairoli – indica o tamanho da crise entre os poderes.

— Estamos no pico da crise. Eu vim pronto para fazer um discurso mandando beijos e tive que fazer um discurso de estadista. O troço pegou fogo, o governador não veio na minha posse, quer dizer, temos um problema. Os deputados de todos os lados estão tristes. Temos que azeitar as coisas — apontou o parlamentar, que está em seu terceiro mandato e foi o mais votado da bancada pedetista.

Entre os ex-governadores, apenas Yeda Crusius (PSDB) compareceu à cerimônia. Dos senadores gaúchos, apenas Ana Amélia Lemos (PP) esteve presente. O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, também não foi à solenidade.

O PDT assume a presidência da Assembleia cumprindo revezamento – elogiado por Marlon – feito entre as quatro maiores bancadas da Casa. Desde o início do governo Sartori, PMDB, PP e PT já ocuparam o posto. 

A condução das sessões extraordinárias pelo deputado Edegar Pretto (PT), que transmitiu o cargo a Marlon Santos, foi alvo de críticas do governo. O líder do governo na Assembleia, Gabriel Souza (PMDB), chegou a dizer que cogitava articular a retirada do PT do acordo nas próximas legislaturas. Pretto, após transmitir o cargo, reagiu.

— Uma ameaça que o líder do governo fez e achei completamente infeliz. Aqui se faz acordo e se cumpre. Parece aquela criança que, quando perde o jogo, recolhe a bola e vai embora — disparou.

Fonte: GABRIEL JACOBSEN  / GaúchaZH

Foto: André Ávila / Agencia RBS