Raquel Fronza - raquel. fronza@pioneiro.com
Com equipe já enxuta, os quartéis do 5º Comando Regional de Bombeiros (CRB) cederam 21 profissionais para a Operação Golfinho, responsável por prestar socorro em alto mar no veraneio em todo litoral gaúcho. Por isso, diante da falta de efetivo e da redução de horas extras, a saída em Caxias do Sul tem sido pedir ajuda às unidades de cidades vizinhas, além de apelar para outros tipos de parcerias. Na manhã do último domingo, por exemplo, uma equipe do Samae, autarquia municipal responsável pelo serviço de água e esgoto, foi fundamental para controlar um incêndio em uma recicladora. O Samae deslocou o principal caminhão-tanque até o bairro Centenário II. A agilidade do serviço foi tanta que a viatura municipal chegou antes da corporação dos bombeiros. Naquele horário, estavam trabalhando quatro soldados na unidade do Centro e outros quatro no Aeroporto Hugo Cantergiani.
— Ocorrências de médio e grande porte contam com o suporte deste caminhão-pipa, já que eles se colocaram à disposição. É algo que nos ajuda bastante — justifica o comandante do 5º CRB, tenente-coronel Cleber Valinodo Pereira.
O caminhão cedido pelo Samae tem capacidade para 15 mil litros e serve para levar água em comunidades com problemas de abastecimento. Se os bombeiros necessitam de suporte, o Samae desloca o veículo até a ocorrência.
— Quem opera ele são os bombeiros, que já tem todo aparato de segurança. Acaba prejudicando nosso serviço de abastecimento programado, mas são situações de emergência e cabe nosso apoio no que é possível — avalia o diretor-presidente do Samae, Gerson Panarotto.
Devido à contenção de despesas, os quartéis do Cruzeiro, Zona Norte e Desvio Rizzo seguem fechados desde o ano passado. A medida foi necessária, segundo o comandante Valinodo, para impedir que quartéis de Veranópolis, Flores da Cunha e Vacaria fechem as portas. Desta forma, a cota de horas extras que era aplicada nas outras três unidades caxienses são redirecionadas para a região.
— Se fecharmos os quartéis, teremos uma situação preocupante. Se formos fechar o de Veranópolis, por exemplo, deixamos 13 cidades desguarnecidas. E Caxias não está desguarnecida_ afirma Valinodo.
Estratégias para não abandonar comunidade
Manter fechado três quartéis em Caxias do Sul para garantir atendimento na região não é completamente suficiente: em Flores da Cunha e São Marcos, o plantão funciona somente durante o dia. À noite, as ocorrências nessas duas cidades são da responsabilidade do quartel caxiense. Além disso, Caxias do Sul tem recorrido a municípios vizinhos. Na madrugada de sexta-feira passada, dois incêndios simultâneos ocorreram em bairros diferentes. Como só havia uma equipe na cidade, foi necessário pedir reforço em Farroupilha.
O jogo de cintura da corporação para atender a comunidade é em decorrência da defasagem de até 50% no quadro de servidores, conforme o comandante do 5º CRB, tenente-coronel Cleber Valinodo Pereira.
— Nosso quadro é de 198 servidores, incluindo os 21 cedidos para a operação Golfinho. Mas há um curso de formação de soldados em Caxias e outro em Bento que se forma em 2 de julho. A ideia é que só a partir daí comece a ter um reforço significativo na região, com a chegada de 56 soldados na nossa área — afirma.
Além do apoio do caminhão-pipa do Samae, os bombeiros de Caxias têm outras duas estratégias para suprir à comunidade: acionar servidores fora do horário de serviço, quando estão de sobreaviso, e utilizar funcionários do setor administrativo para que atuem externamente.
— Caxias tem alternativas e atendimento: plano de chamada, com o efetivo de sobreaviso, e usando mão do nosso efetivo administrativo que podemos lançar mão e dar uma resposta adequada à comunidade caxiense.
Fonte: Jornal O Pioneiro
Foto: Leonardo Lopes