A comissão externa criada na Assembleia Legislativa para acompanhar as investigações sobre o incêndio no prédio da Secretaria da Segurança Pública (SSP), em julho, terá o relatório final votado na reunião desta sexta-feira (17). Uma das constatações dos deputados é de que a rede hidráulica do edifício não estava funcionando no dia da tragédia, o que atrapalhou o combate ao fogo.
O relatório, formulado pela deputada Luciana Genro (PSOL), afirma que, após serem acionados, os bombeiros subiram até o quarto andar da edificação, instalaram as mangueiras e solicitaram a pressurização, mas a água não chegou ao local. Repetiu-se o processo no terceiro andar, mais uma vez, sem sucesso.
O contingente chegou a se deslocar até a coluna que fica na outra ala do edifício, mas o incêndio já havia tomado grandes proporções e os bombeiros começaram o combate externo.
"Havia duas colunas hidráulicas cortando o edifício de cima a baixo. A função delas era prover água aos hidrantes de cada um dos pavimentos. Uma delas estava na Ala Sul e a outra na Ala Norte. Durante o combate ao incêndio, os profissionais poderiam usar tais colunas para conectar as mangueiras à rede de água em cada um dos pavimentos. Após a conexão das mangueiras, essa rede é pressurizada por bombas para garantir uma vazão adequada ao combate às chamas. No dia do incidente, as duas colunas hidráulicas estavam desconectadas, o que, infelizmente, somente se descobriu depois que já era tarde demais", descreve o parecer.
Em depoimento à comissão, os delegados responsáveis pelo inquérito da Polícia Civil informaram que as colunas hidráulicas não funcionaram por estarem passando por obras necessárias para atender ao Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI).
Em nota, a SSP informou que prestou todo os esclarecimentos solicitados pela comissão, mas que ainda não recebeu o relatório final do referido "para poder emitir qualquer comentário".
"A expectativa é de que a apuração conduzida pelos parlamentares venha a somar para o entendimento dos fatos de modo técnico e objetivo nas demais investigações conduzidas", diz o comunicado.
O relatório final ainda reúne 43 recomendações aos órgãos públicos do Rio Grande do Sul. Além de Luciana, integram a comissão os deputados Clair Kuhn (MDB), Dirceu Franciscon (PTB), Frederico Antunes (PP) e Jeferson Fernandes (PT).
O incêndio no prédio da SSP ocorreu na noite de 14 de julho e destruiu o edifício. Dois bombeiros que trabalhavam no combate às chamas morreram com o desabamento do prédio.
Leia a nota da Secretaria da Segurança Pública
A Secretaria da Segurança Pública (SSP/RS), bem como suas instituições vinculadas, colaboraram de todas as formas com a Comissão de Representação Externa da Assembleia Legislativa, prestando todos os esclarecimentos solicitados. No entanto, a pasta ainda não recebeu o relatório final do referido colegiado para poder emitir qualquer comentário.
A expectativa é de que a apuração conduzida pelos parlamentares venha a somar para o entendimento dos fatos de modo técnico e objetivo nas demais investigações conduzidas.
É importante esclarecer ainda que há outras três investigações em andamento, por parte da Polícia Civil, do Corpo de Bombeiros Militar e de uma sindicância administrativo-disciplinar, presidida por uma procuradora do Estado indicada pela PGE, e que sequer o laudo pericial do Instituto-Geral de Perícias (IGP) sobre as causas do incêndio está finalizado, o que inviabiliza qualquer conclusão antecipada acerca dos fatos.
Foto: Mateus Bruxel