Águas calmas jamais deveriam ser um sinal de tranquilidade para o banhista, ainda mais onde não há um salva-vidas por perto. E as 15 mortes por afogamento ocorridas no fim de semana passado servem como alerta: todas ocorreram em rios, lagoas e barragens sem segurança — na barragem em São Francisco de Paula onde quatro pessoas da mesma família perderam a vida, inclusive, há placas proibindo o banho.

Ao contrário destas áreas, nos locais onde há salva-vidas foram registrados 34 salvamentos em águas internas, mas sem nenhum registro de óbitos desde o início da 47ª Operação Golfinho, em 17 de dezembro.

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Segundo o tenente-coronel Luis Marcelo Gonçalves Maya, coordenador da 47ª Operação Golfinho, 1.093 salva-vidas — entre bombeiros e policiais militares e civis — estão atuando nesta temporada no Litoral Norte, no Litoral Sul e nas água internas. Destes, 600 são civis.

Ele explica que cada guarita possui no mínimo dois salva-vidas, e eles atuam em determinados dias da semana, conforme a necessidade do balneário. Na praia Central, em Cristal, por exemplo, a 158km de Porto Alegre, os salva-vidas atuam apenas aos sábados, domingos e feriados.

Já o major Everton de Souza Dias, chefe da comunicação da Operação Golfinho, pede atenção redobrada dos banhistas, seja no mar ou na água doce:

— É importante que o banhista busque os lugares com salva-vidas. Vale conversar com os profissionais e saber os horários de atuação.

Atenção

Em Barra do Ribeiro, a 60km de Porto Alegre, as praias da Picada e Recanto das Mulatas, que fazem parte do Guaíba e estão próprias para banho, ganharam salva-vidas também durante a semana desde o início deste mês. Até agora, segundo o salva-vidas civil Alex Sandro Pinheiro, 30 anos, nenhum salvamento precisou ser realizado nos dois locais.

— Mesmo sem ondas, com água aparentemente mansa, as pessoas respeitam e só vão até onde a água dá na cintura. Outro fator que ajuda é que elas costumam ficar todas próximas, o que nos auxilia no controle dos banhistas — diz.

Foi por ter salva-vidas diariamente que a dona de casa Rafaela Vach, 23 anos, de Viamão, e a família optaram por acampar na praia da Picada. Mãe de Cauã, um ano e quatro meses, Rafaela queria segurança para aproveitar as férias ao lado dos filhos.

— Além de água ser mais calma, sei que tem alguém nos cuidando na areia. Isso facilita para termos um banho mais tranquilo — ressalta.

A mesma justificativa é compartilhada pela professora Valéria Santos, 48 anos, e pelo supervisor aposentado Sérgio Machado, 64 anos, de Canoas, que escolheram a Recanto das Mulatas para o passeio com Maikon, 14, Maiara, sete, e Nicolas, cinco, filho e netos, respectivamente, de Sérgio.

Os dois costumam ficar sentados às margens, sob a sombra das figueiras, enquanto as crianças e o adolescente se divertem nas águas calmas do Guaíba. A guarita fica a cerca de 70m.

— É um lugar tranquilo e raso. Não ficamos tão próximos dos salva-vidas, mas sabemos que eles estão ali — comenta Sérgio.

— Isso (os salva-vidas) nos dá segurança, mas é preciso estar sempre atento porque criança não para — completa Valéria.

Os namorados Sérgio Roberto Machado e Valéria Santos, de Canoas, levaram o filho e os netos dele para passearem na praia Recanto das MulatasFoto: Carlos Macedo / Agencia RBS

Banho com segurança na água doce ou no mar

/// Fique somente em locais onde há salva-vidas.
/// Antes de entrar, converse com o salva-vidas mais próximo e pergunte sobre os melhores pontos para banho.
/// Respeite a sinalização.
/// Não tome banho nas áreas onde há placas de perigo.
/// Nunca nade sozinho.
/// Pais não devem deixar menores nadarem sozinhos.
/// Mergulhe só em regiões que você conhece.
/// Jamais consuma bebidas alcoólicas antes de mergulhar.
/// Na água, não ultrapasse a altura da própria cintura.
/// Evite tomar banho em locais com correntes, obstáculos e perto de desembocaduras de rios.

Alerta das bandeiras

/// Preta: iminente morte por afogamento ou situação de extremo risco ao veranista, como tempestades e descargas elétricas.
/// Vermelha: mar perigoso, com repuxo e ondas mais fortes. Evite entrar na águas.
/// Amarela: cuidado, formação de ondas.
/// Verde: águas tranquilas. Excelente condição para o banho.
/// Púrpura: usada nas praias de mar. Indica a presença de animais marinhos que, em contato com as pessoas, atentam contra a integridade física dos usuários do balneário.
/// Azul: indica que houve a localização de pessoa perdida.

Para ajudar alguém em afogamento em rio ou lagoa

/// Não entre na água se não for experiente na natação.
/// Se não souber nadar, tente alcançar algo de fora da água, como uma corda, para a pessoa segurar e você puxar.
/// Só se jogue na água se tiver certeza de que conseguirá nadar por si e por quem está se afogando.
/// Se souber nadar, alcance algo que flutue para a pessoa que está se afogando se agarrar, como uma bombona de água de 20 litros, um pneu ou um balde (de cabeça para baixo). Fonte: Corpo de Bombeiros.

Em barragem de São Francisco de Paula, quatro pessoas da mesma família morreram afogadas em 22 de janeiroFoto: Felipe Nyland / Agencia RBS

Confira os locais com salva-vidas em águas doces na Região Metropolitana

/// Porto Alegre: Belém Novo e Lami
/// Viamão: Vila de Itapuã
/// Montenegro: Balneário Afonso Kunrath
/// Taquara: Balneário João Martins Nunes
/// Triunfo: praia do Areal
/// São Jerônimo: Encontro
/// General Câmara: praia da Cachoeirinha
/// Barra do Ribeiro: camping municipal e praia da Picada
/// Tapes: praia do Jacarezinho, camping central e praia da Pinvest
/// Arambaré: plataforma, Caramuru e centro
/// Cristal: praia central (sábados, domingos e feriados)

Confira os locais com salva-vidas em águas doces no Litoral Norte

/// Magistério: Lagoa Cerquinha
/// Pinhal: Lagoa Rondinha
/// Cidreira: Lagoa Fortaleza
/// Osório: Lagoa do Horácio e Lagoa do Peixoto
/// Santo Antônio da Patrulha: Balneário Lagoa dos Barros

Foto: Arte DG / Arte DG

Fonte: Aline Custódio / aline.custodio@diariogaucho.com.br

Foto: Carlos Macedo / Agencia RBS