Sapiranga – Há um tempo, quando se falava em profissões “femininas”, logo remetia-se a professora, cabeleireira, manicure, cozinheira, entre muitas outras funções intituladas como “coisas de mulher”. Felizmente, essa realidade vem mudando e, a cada dia, é possível encontrar mulheres engenheiras, policiais e bombeiros.
Em Sapiranga, cidade que possui uma mulher como chefe do Executivo, outro destaque vai para a 1º sargento Neusa Morais. A profissional atua no Corpo de Bombeiros Militares do Rio Grande do Sul há mais de 18 anos.
Nascida em Santa Rosa, Neusa se mudou para Sapiranga aos quatro anos. Apesar da profissão ser exemplar e inspiradora, ela conta que não era um sonho de infância seguir para este caminho.
Em uma noite, trabalhando no antigo emprego, Neusa abriu o jornal e leu o anúncio que divulgava o concurso para a Brigada Militar. “Por que não?”, questionou. Em seguida, iniciou cursos preparatórios para realizar a prova. “Na minha família, ninguém entendeu nada”, lembra a agente, contando que o curso de formação, em Caxias do Sul, teve oito meses de duração.
Formação em 2006 e atuação
Após concluir o curso de formação, em Caxias do Sul, Neusa foi designada para atuar como recruta em Sapiranga, em 2006. Na Cidade das Rosas, aperfeiçoou suas experiências, atuando nos setores de prevenção, operacional e administrativo.
Com curiosidade e vontade de aprender, a então soldado Neusa começou a praticar a condução das viaturas do pelotão. Em Sapiranga, atuou por seis anos, até ser transferida para São Leopoldo, onde formou-se no curso de sargento. Doze anos depois, sargento Neusa voltou a Sapiranga, com a honrosa missão de comandar o pelotão da cidade.
Orgulho e inspiração
Neusa faz história na instituição desde 2006. Quando iniciou a carreira, era uma das poucas mulheres existentes nas corporações. Em Sapiranga, foi a primeira soldado mulher a atuar no pelotão.
Apesar de o número ser menor do que dos agentes homens, a comandante conta que nunca se sentiu diminuída pelo fato de ser mulher. “Eu sempre fui muito bem acolhida no pelotão. Nunca fui desrespeitada ou incapacitada por ser mulher na profissão. Pelo contrário, eles (os colegas) sempre me incentivaram e apoiaram”, revela.
Neusa conta que sua atuação, hoje, é motivo de muito orgulho à família e, principalmente, à filha, Loren, de 15 anos. Apesar da rotina cansativa e pesada dos afazeres no pelotão, os agentes recebem, com alegria, inúmeras visitas da comunidade. Neusa se alegra em poder inspirar as meninas a crescerem e atuarem na profissão que quiserem, independentemente do gênero.
Por Mairan Pacheco