O Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro utiliza drones para garantir a prevenção de afogamentos e realizar a busca de vítimas nas praias da orla do Rio. O uso dos aparelhos, que têm ajudado o Grupamento Marítimo (Gmar) a evitar mortes, é referência internacional.
Este mês, a Covant (Coordenadoria de Operações de Veículos Aéreos não Tripulados) recebeu a visita do comandante-assistente do Departamento do Corpo de Bombeiros de Los Angeles, nos Estados Unidos, Fernando Boiteux, que pretende implantar a tecnologia na corporação americana.
"Ele conheceu o nosso trabalho com essas aeronaves pela mídia, e veio coletar informações com a intenção de implantar a tecnologia nas unidades de Los Angeles. Foi bem proveitoso, porque ele também nos apresentou outros equipamentos de alta tecnologia, utilizados pelos agentes americanos, que podemos futuramente adotar", disse o tenente-coronel Rodrigo Bastos, coordenador da Covant, que acredita em uma futura parceria internacional.
Mas não é só lá fora que o trabalho desenvolvido no Rio de Janeiro chama a atenção. Alguns estados já demonstraram interesse em fazer intercâmbio com os bombeiros fluminenses, que são pioneiros no Brasil em utilização de drones para resgates. No último mês, a corporação recebeu a visita de dois oficiais bombeiros da Bahia, que pretendem montar um projeto semelhante. Os militares receberam noções de pilotagem das aeronaves e da tecnologia que envolve os aparelhos, legislação aeronáutica, meteorologia, segurança de voo e aerodinâmica.
Hoje, os bombeiros do Rio utilizam três drones em operações de emergência e cinco em treinamentos. Os aparelhos são úteis em diversas situações, como auxiliar em caso de afogamento, monitorar acidentes em grandes áreas, procurar pessoas perdidas em montanhas ou na mata e achar corpos desaparecidos.
"A probabilidade de o resgate ser bem-sucedido aumenta. Agilizamos recursos e os agentes ficam menos expostos a situações de perigo", explicou Bastos.
Tecnologia auxilia grupamentos
A primeira vez que os bombeiros utilizaram drones no Rio foi na Operação Verão (2015/2016), na praia de Copacabana, de forma experimental. Durante 2016, a corporação foi mapeando como essa ferramenta poderia ajudar no trabalho dos diversos grupamentos e unidades especializadas da Defesa Civil. Com isso, os bombeiros criaram um protocolo para cada tipo de ação para utilizar a aeronave.
Uma das ações do governo estadual que teve a utilização dos drones foi a campanha Xô, Zika!, realizada no ano passado.
"Nós identificávamos diversos focos do Aedes aegypti que equipes de solo não teriam como localizar. O que o drone realizava em uma hora, os agentes levariam, em média, de seis a sete dias. O ganho de tempo-resposta foi muito bom", disse Bastos.
Por causa do zumbido quando está voando, o aparelho recebeu o apelido de drone, o nome em inglês para a abelha zangão. Oficialmente, é um RPAS, sigla em inglês para Sistema de Aeronave Pilotada Remotamente. Cada aparelho pesa no máximo 2 quilos e mede entre 50 cm a 60 cm de diâmetro. Movido a bateria elétrica, um drone tem autonomia de voo de 25 minutos. Ele pode chegar a seis mil metros de altura e voar por cinco quilômetros.
Mas para o voo operacional os aparelhos vão, no máximo, a 30m de altura e 500m de distância, obedecendo às regras da Aeronáutica.
Nas aulas, os agentes aprendem todos os recursos da ferramenta e como operá-la com perícia: uma manobra errada pode derrubar fios de alta tensão e outros obstáculos, causando acidentes graves. A cada dia, modelos mais modernos são lançados.
Fonte: O São Gonçalo