Por volta das 7h da manhã da quinta-feira (2) a Guarnição do 3° Pelotão do Corpo de Bombeiros de Pelotas compareceu ao Trapiche do Laranjal onde realizou o salvamento de um rapaz que havia caído nas águas profundas, frias e turbulentas por conta do forte vento. A vítima e seu amigo encontravam-se a aproximadamente 300 metros de distância da margem quando houve a queda.

Após a avaliação do cenário a equipe realizou uma aproximação rápida, certificando-se que a vítima se encontrava dentro da água se segurando em um dos pilares de sustentação da referida estrutura, com muitos sinais de cansaço. Um dos membros da equipe pulou na água para fazer a abordagem da vítima e com o equipamento de salvamento aquático efetuou o resgate até as margens.

A profundidade da lagoa estava entre 2m e 2,5m devido à maré alta, a grande quantidade de marolas e a temperatura baixa da água (cerca de apenas 15°C) também dificultaram o salvamento, além da distância entre o local do afogamento e a margem (300 metros).

Após a retirada da vítima da água foi feita uma avaliação mais detalhada e se concluiu que o rapaz estava sem sinais de ter ingerido ou aspirado quantidade de água que comprometesse sua saúde e também não apresentava sinais de hipotermia (devido ao rápido atendimento), e, portanto, não necessitava de maiores cuidados médicos, tendo recebido orientações e sido liberado do local para que se recuperasse em sua residência.

A vítima foi contatada pelo Corpo de Bombeiros para relatar para as pessoas como é passar por uma situação dessas e quais aprendizados e lições poderia repassar, apesar de não querer ser identificado ele elaborou o texto o qual segue abaixo:

“Sou estudante universitário aqui de Pelotas, tenho costume de frequentar o Laranjal. Após sair de uma festa com um colega, decidimos ver o raiar do sol no Laranjal, e decidimos relembrar como era bom ver do trapiche, algo que havíamos feito antes. Estava ocorrendo tudo bem, até que em determinado momento pisei numa tábua que partiu-se e cai na lagoa. De início achei que seria tranquilo, pois cai na lagoa do "calmo" laranjal. Ledo engano, visto que o vento estava acentuado e formava onda de mais de 1 metro. Inicialmente tentei subir de volta, sem sucesso. Após pensei em nadar até a costa, porém a correnteza estava muito forte, percebi que não conseguiria. Me agarrei em uma das estacas e pedi que meu colega solicitasse socorro. Fiquei à deriva com o nível da água subindo e altura das ondas subindo. Decidi ir algumas estacas para frente, nadando com muita força entre uma e outra. Até o ponto que cheguei em uma estaca que tinha outra madeira em diagonal, o que me propiciou ficar em um nível mais alto. Por várias vezes a água me submergiu, acredito que fiquei em torno de meia hora na fria água da manhã do laranjal. Meu colega por várias vezes me cedeu a mão para eu poder ficar num nível mais alto e respirasse melhor. Chegava um ponto que já não tinha mais a mesma força muscular e sentia meu corpo mais frio. Ao ver os bombeiros chegando, foi meu alívio e a certeza que tinha conseguido resistir. Gostaria de elogiar a agilidade e a qualidade do serviço de resgate. Esses sim são verdadeiros heróis sem capa! Após sair da água apresentei apenas o quadro de hipotermia leve, engoli apenas o pequeno volume de água, sem maiores repercussões. Vi a morte muito de perto, acredito que só sobrevivi graças ao fato de ter uma boa base de natação, ter mantido a calma e o socorro ter agido rapidamente. Deixo o alerta que não frequentem o trapiche, pois está intransitável e, que cuidem com as calmas águas da Laguna dos patos, que podem ser traiçoeiras”

Fonte: 1° Sgt Vagner Gonzales - Corpo de Bombeiros de Pelotas