Após a identificação do corpo do jovem Brian Grandi, 20 anos, a Polícia Civil segue o trabalho de investigações. Ele estava desaparecido desde a madrugada de segunda-feira (20), quando cabos de sustentação da ponte pênsil entre Torres-RS e Passo de Torres (SC) cederam e a estrutura virou. Dezenas de pessoas caíram na água. Dois inquéritos foram instaurados, sendo um no Rio Grande do Sul e outro em Santa Catarina.
— Com um óbito confirmado, o caso passa a ser homicídio culposo. Vamos investigar e, daqui a pouco, pode haver alguma situação envolvendo as prefeituras, até porque ambas eram responsáveis pela manutenção da ponte — afirma o delegado Maurício Pretto, responsável pela delegacia de Passo de Torres.
No Rio Grande do Sul, a investigação, a princípio, também seguirá a linha de homicídio culposo, informa o delegado Marcos Vinicius Muniz Veloso, responsável pelo caso na Delegacia de Polícia de Torres.
Ainda de acordo com o delegado Maurício Pretto, o incidente envolve três fatores: a superlotação (a polícia trabalha com uma estimativa de 60 pessoas em cima da ponte no momento), a ação dos ocupantes, que balançaram a ponte e, principalmente, o estado de conservação da estrutura.
Ainda não há a comprovação de que Brian estava no local no momento que a ponte cedeu. Por outro lado, todos os indícios da investigação apontam para isso, segundo o delegado. Os laudos do Instituto Geral de Perícias (IGP) e do Instituto Médico Legal (IML) devem ajudar a polícia a elucidar essa constatação.
Relembre o caso
Brian estava desaparecido desde que a ponte pênsil entre Torres, no litoral norte do Rio Grande do Sul, e Passo de Torres, em Santa Catarina, virou e derrubou dezenas de pessoas na água, na madrugada da última segunda-feira.
O jovem estava com o seu celular e havia enviado fotos e mensagens da festa de Carnaval, em que estava com os amigos, para a família. Segundo a mãe, Cristiane dos Santos, 38 anos, o grupo estava de carro, em Passo de Torres, e seu filho de bicicleta. O veículo havia ficado perto da travessia, ainda no território de Torres, o que obrigou que Brian tivesse que atravessar a ponte para buscar a bicicleta. A ideia era encontrar os amigos em uma praça depois.
Depois que a estrutura virou, Brian não recebeu mais as mensagens enviadas pela mãe. A bicicleta dele foi localizada nas proximidades do local.
O delegado Marcos Vinicius Muniz Veloso, de Torres, responsável pela investigação no Rio Grande do Sul, confirmou que o rastreamento do celular de Brian registrou a última localização na região da ponte perto do horário do acidente (2h21min de segunda-feira). A pesquisa foi possível através do e-mail da mãe, que estava vinculado ao telefone.
Desde o acidente, o Corpo de Bombeiros Militar fez buscas com mergulhadores na água, às margens do rio e na faixa litorânea. Ao todo, 22 bombeiros, com botes e motos aquáticas, estavam mobilizados para as buscas, além de viaturas leves para deslocamento ao longo das margens.
Em coletiva realizada no início da tarde desta quinta, o Corpo de Bombeiros do Militar do RS detalhou a operação realizada nos últimos dias para a localização de Brian, encerrando a ocorrência de socorro, atendimento e buscas relacionadas ao acidente na ponte pênsil. O tenente-coronel Rodrigo Canci Pierozan, comandante do 9º Batalhão do Litoral Norte, destacou que a estratégia para encontrar o jovem foi realizada em conjunto com as demais forças de segurança, tanto do Rio Grande do Sul quanto de Santa Catarina, e que todos os meios disponíveis foram utilizados na atuação. Ele ainda informou que já era previsto que o corpo fosse localizado na região catarinense.
— Ampliamos diariamente, a cada turno de 12 horas, nossa área de atuação, porque trabalhamos com questão de marés, de influência de deslocamento de água e de chuva. Deu dentro da previsão que nós tínhamos de que o corpo do rapaz seria encontrado em Santa Catarina, devido ao volume de águas e à correnteza constante para aquele lado — disse.