O número crescente de queimadas intencionais tem chamado atenção das autoridades de segurança pública. Segundo uma estimativa divulgada pelo 4º Batalhão de Bombeiros Militares (4°BBM) de Criciúma, ocorrências desta natureza correspondem a 85% dos atendimentos realizados.
Este número era de 75% até março. Desde então acabou elevado em função da estiagem que atinge o Sul catarinense. “São ocorrências que poderiam ter sido evitadas, deixando nosso efetivo e viaturas disponíveis para atendimento de ocorrências verdadeiramente emergenciais, para as quais podemos não estar disponíveis quando solicitados, incluindo incêndios em edificações ou acidentes com pessoas encarceradas”, explica o chefe do setor de segurança contra incêndio do 4° BBM, tenente Eduardo Henrique Ribeiro.
Para se ter uma ideia do prejuízo causado por estas ocorrências, nessa quarta-feira, dia 15, foi necessária uma equipe com dez pessoas, entre bombeiros e agentes da Defesa Civil de Criciúma, para apagar um incêndio de grande proporção em um terreno no bairro Floresta. Os bombeiros chegaram no local por volta das 17 horas, e só finalizaram a ocorrência depois das 21 horas.
Durante a operação, utilizaram cerca de 10 mil litros de água para combater o avanço do fogo que atingiu aproximadamente oito hectares. E por pouco não se alastrou para casas localizadas no bairro Boa Vista. “A área queimada é muito grande, foram quatro horas de trabalho intenso e desgastante. É uma área com difícil acesso e arriscamos para salvar este lado que tava chegando perto das casas. Foi um incêndio de grande proporção atacado por vários pontos”, explicou um dos bombeiros atuantes na operação, cabo Aurélio.
A causa e o efeito
As queimadas raramente são acidentais. Normalmente são provocadas durante ação de limpeza de terrenos ou fogo em lixos e entulhos. Mas o resultado pode ser fatal e/ou com prejuízos incalculáveis, sobretudo em áreas próximas de residências ou mata nativa.
No dia 25 de março, um incêndio atingiu terrenos baldios no bairro Jardim Angélica. O foco foi um amontoado de lixo aglomerado no meio de uma rua sem saída. O tempo seco aliado à grande quantidade de lixo fez com que as chamas chegassem ao terrenos. Não fosse a ação rápida dos bombeiros, poderia ter atingido casas vizinhas.
Os terrenos devem ser limpos através do serviço de capina e roçagem, o que certamente evita incômodo à população vizinha que sofre com a piora na qualidade do ar em função da poluição ambiental gerada pela fumaça. A queimada em terrenos pode trazer consequências graves, como atingir propriedades vizinhas ou ser a causa de acidentes de trânsito pela redução na visibilidade. - Tenente Eduardo Henrique Ribeiro
Diante do problema, o 4° BBM alerta para as penas previstas aos que forem flagrados causando incêndio. Conforme o Código Penal Brasileiro, causar incêndio expondo risco a vida e integridade física ou patrimônio de outras pessoas é crime e prevê reclusão de três a seis anos, além de multa. Atear fogo também pode ser considerado infração administrativa pelos códigos municipais, como código de posturas e meio ambiente sujeitando o infrator a sanções como multas.
“O destino correto do lixo é a coleta pública e o encaminhamento para aterros sanitárias e iniciativas de reciclagem. Procure se informar sobre estes serviços onde você mora e assim estará contribuindo para os serviços emergenciais prestado pelos bombeiros”, afirma o tenente.
Em caso de emergência, ligue para o telefone 193.