Durante três dias, um grupo de pessoas será submetido a diferentes situações de riscos dentro da mata fechada. Elas vão participar do curso básico de resgate em Macapá, de 27 a 29 deste mês, que tem como objetivo fazer com que olhem para a selva como aliada e, diante de conhecimentos, consigam extrair dela alimentos e materiais necessários à sobrevivência.
As inscrições estão abertas até segunda-feira (23), gratuitamente. Trinta pessoas já confirmaram participação, entre policiais militares, bombeiros, enfermeiros, médicos, integrantes do exército e civis. A meta, segundo a coordenação, é chegar a 60 inscritos.
A iniciativa é da prefeitura. As atividades serão desenvolvidas em uma área de 112 hectares do Parque Zoobotânico da capital, na Zona Sul. Os participantes terão de dormir em barracas, comer o que colherem da natureza e o que lhes for dado pela coordenação, serão orientados a identificar zonas de riscos e também a como fazer resgate terrestre, na água e em árvores.
Para o enfermeiro Donato Farias, coordenador do curso, trata-se de um aprendizado de vida, diante da imponência da selva.
“A finalidade é proporcionar aos participantes um intercâmbio de conhecimento com vários profissionais do resgate e salvamento. Eles vão receber noções de orientação (por estrela, bússola, pontos geográficos e árvores), orientações de alimentação e de resgate. Sem dúvida é um conhecimento de vida que vai apresentar desafios para cada participante”, resumiu Farias, especialista em resgate em áreas de difícil acesso.
Com o guarda-parque Richard Pinheiro, de 40 anos, os alunos vão conhecer técnicas de coleta de alimentos. Pinheiro é funcionário do parque e conhece todos os espaços.
“Vamos mostrar como identificar áreas de risco, mas também como se alimentar com o que a floresta nos dá, e posso dizer que é simples sobreviver. Da natureza se extrai de tudo. Há plantas e folhas comestíveis, fungos, peixes, ninho de marimbondos [vespas], larvas de turu e muitos outros alimentos”, garantiu o especialista em trilhas.
A ideia também é despertar a consciência ambiental nas pessoas. De que mesmo em situação de perigo e em zona desconhecida, elas retirem da natureza apenas o que precisar.
Qualquer pessoa pode participar, mas é importante ler o edital para ter ciência de tudo o que será proposto e das normas. No ato da inscrição, o aluno deve assinar termo de responsabilidade, de compromisso e autorização da imagem, além de apresentar um exame de aptidão médica. Outra dica é atentar para o item referente a roupa adequada para enfrentar o desafio. Está tudo no edital, que é entregue na inscrição.
A equipe de profissionais envolvida no curso é formada por militares do exército, que vão trabalhar com a parte de instrução de fogo, abrigo e água, além de especialistas em resgate, trilhas, médicos, enfermeiros, bombeiros civis, polícia militar e guardas-parque. A coordenação informou que haverá um ponto médico, com ambulância do Samu, em tempo integral no Parque Zoobotânico.
E para quem curte aventuras nas alturas, haverá atividade garantida nesta modalidade. O instrutor será Helton Grimouth, técnico em segurança e bombeiro civil. Ele adianta que a proposta é ensinar a escalar árvores e salvar vidas, usando o mínimo de equipamento possível, mas com segurança.
Em relação aos riscos por terra, Marco Antonio de Souza é o especialista que vai orientar a equipe.
“A partir do momento que se entra na selva, a primeira coisa a se fazer é procurar abrigo, verificar o que se tem de material ao redor para a construção, buscar por água, saber onde nasce e se põe o sol e definir formas de transportes”, destacou o socorrista, que é bombeiro civil.
Para o guarda-parque Nerivan da Silva, é possível extrair o melhor da floresta, conhecendo sobre ela.
“O mundo gira em torno de extrair matéria-prima da natureza, mas é preciso respeitar o ambiente. Todo lugar na floresta pode ser uma área de risco. Dos rios, lagos e córregos, que não sabemos o que tem dentro, até um ‘montueiro’ de folhas no caminho, que pode abrigar animais peçonhentos. Acho que o curso é importante também para repensarmos sobre o nosso conforto pessoal”, finalizou o profissional.
Para quem se considera disposto a testar os próprios limites e enfrentar uma nova aventura, as inscrições podem ser feitas na Avenida Ernestino Borges, nº 1213, no Centro, das 8h às 18h. A inscrição é gratuita.
Fonte: Rita Torrinha, G1 AP, Macapá / Foto: Divulgação