O Jornal Hoje teve acesso, com exclusividade, a mais trechos da delação premiada do ex-subsecretário de Saúde do Rio de Janeiro, Cesar Romero. Ele revelou em depoimento que o esquema envolvendo o ex-secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, também foi usado para desviar dinheiro do Corpo de Bombeiros.
Cesar Romero revelou em delação premiada aos procuradores da Lava Jato como aconteciam as fraudes em licitações para a compra de equipamentos da corporação. Até 2011, as áreas da Saúde e da Defesa Civil estavam agrupadas em uma mesma secretaria, sob o comando de Sérgio Côrtes, ex-secretário de Saúde no governo de Sérgio Cabral, do PMDB.
Segundo o delator, o esquema envolvia empresas especializadas no ramo, sempre internacionais, que combinavam entre si o preço de oferta. Cesar Romero detalhou como o esquema funcionava. Segundo ele, o cartel entre as empresas era organizado pelo empresário Miguel Iskin, também envolvido em fraudes na área da saúde.
A Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil abria licitações para a compra de equipamentos dos Bombeiros de empresas no exterior e pagava valores incluindo as taxas e impostos de importação. Mas os equipamentos entravam no Brasil em nome da Secretaria, que era isenta de impostos. A diferença era recebida pelas empresas estrangeiras e depositada como propina em contas fora do Brasil. O dinheiro ia para contas em nome de Miguel Iskin e, depois, era distribuído para Sérgio Côrtes e para o próprio Cesar Romero.
Ainda de acordo com Cesar Romero, o esquema foi usado para a compra de equipamentos específicos de corpo de Bombeiros, como por exemplo, escada magirus, desencarcerador, lanchas. O delator revelou que o esquema incluiu do primeiro semestre de 2007 até 2010 mesadas para funcionários da secretaria de Saúde, Defesa Civil e Bombeiros.
Segundo ele, o empresário Miguel Iskin pagava R$ 20 mil por mês ao então comandante geral da corporação, Pedro Marcos. E ele não era o único. Vários funcionários do governo teriam recebido entre R$ 5 e R$ 25 mil. Romero disse que era o responsável pela distribuição e afirmou que pegava o dinheiro na casa de Miguel Iskin ou com os funcionários de Gustavo Estellita, sócio de Iskin, que possuía uma espécie de caixa forte, possivelmente uma sala comercial alugada, onde ficavam documentos e dinheiro.
Estellita contou que, em abril de 2010, ao deixar a secretaria, ficou sabendo que o volume desses pagamentos chegava a R$ 400 mil. Sergio Cortes, Miguel Iskin e Gustavo Estelitta foram presos pela Lava Jato, no Rio de Janeiro, no começo do mês, por corrupção e fraude em licitações.
A empresa de Miguel Iskin, a Oscar Iskin, negou o envolvimento em qualquer prática ilícita e disse que prestará todos os esclarecimentos às autoridades.
A Secretaria Estadual de Saúde do Rio afirmou que está entregando às autoridades a documentação solicitada, que os servidores acusados de receber mesada já deixaram a pasta e que não tem nenhum contrato em vigor com a Oscar Iskin.
O Corpo de Bombeiros afirmou que desconhece as investigações, mas está à disposição das autoridades. A corporação informou ainda que o ex-comandante Pedro Marcos está na reserva remunerada. O Jornal Hoje não conseguiu contato com ele.
Os advogados do ex-secretário Sérgio Côrtes disseram que no momento oportuno ele vai elucidar todos os fatos. As defesas de Gustavo Estellita e de Sérgio Cabral ainda não responderam à nossa produção.
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Fonte: Jornal Hoje