A importância da Qualificação

No primeiro painel da tarde, intitulado “Os Profissionais na Prevenção de Incêndios”, o professor da Ufrgs Eng. Civil Dario Klein, falou sobre a situação no Brasil na área de prevenção. De acordo com ele, o país está em uma situação crítica, principalmente na área de perícia. Apresentou números onde se verifica que 30,9% das ocorrências de incêndio são em edificações, e destes 32% são diagnosticados como de ‘causa indeterminada’ e 20,2% de ‘causas não apuradas’. “Isto evidencia que, na realidade, 50% dos sinistros no Brasil não têm sua causa identificada”, interpreta. Para ele, isso ocorre principalmente pela falta de qualificação profissional, falta de padronização e o caráter multidisciplinar da área. Revelou que a Ufrgs está formatando um curso de graduação específico na área denominado ‘Engenharia de Incêndio e Risco ‘, com previsão de vestibular para 2012. “É importante termos uma massa crítica, precisamos de qualificação, termos profissionais com mestrado e doutorado para formarmos mais profissionais na área, senão ficaremos remando”, sentenciou.

O Eng. Carlos Wengrover Rosa, apresentou o programa CREABom, que ressaltou ser mais um fruto das ações conjuntas entre os bombeiros e o engenheiros. “O CREABom é um ideia desenvolvida a partir do que nos foi relatado pelo CB, um sistema informatizado com a incorporação do futuro Código Estadual e da ART Online”, explicou. Também relatou que o sistema, quando concluído, permitirá a automação total na verificação dos Planos de Prevenção contra Incêndios pelos bombeiros. Representando, também, as instituições de ensino, seguiu-se a Wengrover, a palestra do professor da PUC-RS, Eng. Telmo Brentano, que concentrou sua fala na importância que tem o Projeto, dizendo ser “a edificação um sistema complexo formado por vários subsistemas”, no que ressaltou que o Projeto de Prevenção de Incêndio é mais um dos projetos complementares da edificação, um subsistema. Enfatizou, também, que todo projeto deve ser feito em equipe. “As grandes empresas não trabalham mais com profissionais separados, mas com a compatibilização dos projetos, num modelo coordenado onde todos sentam à mesa e negociam espaços”, disse. Deu um exemplo de como a separação dos profissionais responsáveis pelos diferentes projetos da edificação acarreta problemas no decorrer da obra, inclusive nos sistemas de prevenção. “Normalmente quando se dimensiona um corredor os extintores não estão programados no espaço”. Também destacou o fato de que o empreendedor “sempre quer economizar no projeto, justamente quando ele deve investir mais”. “Ele tem que economizar ao longo da obra, não no início.” Falou ainda da valorização do Responsável Técnico. “Assinar uma ART não é assinar um projeto, é assinar uma responsabilidade”.

Sobre o Corpo de Bombeiros, Telmo defendeu a especialização. “No Hospital da Brigada Militar nós temos médicos, mas onde está o setor da Engenharia no CB? Não existe o dialogo técnico”, criticou. Defendeu, ainda, a desvinculação dos Bombeiros à Brigada Militar. “Faltam recursos para a formação e qualificação, porque a prioridade é segurança pública. Somos um dos quatro estados do país que não estão desvinculados”, ressaltou. Fato explorado pelos demais painelistas, a educação dos leigos foi citada pelo professor. “Quando o imóvel é liberado depois da vistoria, a segurança fica sob responsabilidade dos moradores, que precisam saber agir”. Finalizou dizendo que “o fogo sempre começa pequeno, temos que apagá-lo pequeno”.

Representando o Corpo de Bombeiros, falou o Capitão Eduardo Estevam. Com formação em Engenharia Civil, mestrado na área, e concluindo especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, Estevam destacou que existem no CB bombeiros muito qualificados, citando os diversos cursos de formação por que passam e dando destaque a extensa participação de profissionais em eventos nacional e internacionais da área de prevenção. Para ele, a prevenção de incêndio e de pânico deve ser uma via de mão dupla e que o CREA-RS e os bombeiros estão em um momento harmonioso. “O diálogo é bem vindo, mas até o limite da Lei”, disse. Sobre os sinistros ressaltou o fato de que a maioria dos sinistros ocorre em residências multifamiliares, onde não há exigência de PPCI. “A prevenção com educação é a mais importante, a ação na sociedade”. Ao final, reforçou a necessidade do trabalho conjunto e da educação continuada. “O bombeiro não é um profissional isolado e inerte, simples executor do serviço de extinção do fogo. A interação é imprescindível para o benefício da sociedade e valorização do profissional da área e os profissionais bombeiros sabem disso”, concluiu.

Fonte: http://www.crea-rs.org.br/crea/not_detalhe.php?id_cms_bulletin_news=1362