Dez anos depois da tragédia, dois homens marcados por ela se reencontram no local do acidente, hoje um memorial em homenagem às vítimas. “Acho que foi bem aqui”, diz um deles, o gerente de TI Paulo Roberto Zani, ex-funcionário da TAM Express, com convicção, mesmo sem nunca ter voltado a pisar neste lugar. Aqui Zani viveu seus momentos mais duros, dentro do prédio atingido pelo Airbus, com o fogo nos calcanhares e a fumaça da borracha e do óleo diesel intoxicando seus pulmões. Resistiu durante uma hora, debruçado na janela e cobrindo o nariz com a camisa, até que uma escada dos bombeiros finalmente o alcançou.
“Não falei? Foi aqui, neste exato lugar!”, concorda o outro homem, tenente Lealdo Machado, o bombeiro que o resgatou do prédio em chamas naquela terça-feira de chuva. “Bem como eu me lembro. Depois da curva, na descida, quando a rua fica plana. Aqui que a gente estacionou e eu vi você lá em cima. Não pula, não pula, espera que a gente vai chegar!”
“Muito estranho voltar. Lembro de você chegando, falando 'pula aqui no cesto', porque não podia encostar na parede. Aí eu fui pular. Nossa...”, conta Zani. “O pessoal na rua gritava 'fica tranquilo, o bombeiro está chegando'. Tranquilo... Super tranquilo!”, ele completa com uma risada, e o papo prossegue.
Fonte: Estadão