Responsável pela incursão dentro do que diversos moradores acreditam ser um túnel nazista, o bombeiro Bruno Santarém vive, conforme suas próprias palavras, seus "15 minutos de fama" em Ibirubá, no noroeste do Estado. O profissional que integra o Corpo do Bombeiros do município foi o escolhido para entrar na tubulação de concreto aberta na última terça-feira (1º). 

Desde então, ele conta que, por onde anda, é perguntado sobre a estrutura. O bombeiro também diz receber ligações no quartel e até no telefone pessoal, descoberto pelos mais curiosos.

Naquela terça, Bruno utilizou uma máscara de proteção, um tubo de oxigênio preso às costas e uma lanterna para descer ao túnel. Na volta, trouxe as informações que dezenas de espectadores aguardavam.

— A curiosidade é bem grande, (as pessoas) querem saber detalhes. É bem interessante. Estou tendo meus 15 minutos de fama — diverte-se.

Sobre a estrutura, ele conta que ficou "intrigado". Segundo o bombeiro, o suposto túnel parece ser extenso, indo "de uma ponta a outra" da cidade. Além disso, segundo ele, está intacto.

— Não tem sujeira, não tem bicho, não tem nada. É como se tivessem feito há pouco tempo. O concreto nunca recebeu água, ele não tem marca. Me deixa intrigado, uma rede daquele tamanho, e não ser usada. A princípio seria para coleta da água da chuva, mas não tem boca de lobo.

Santarém explica que, no ponto em que foi aberta, a tubulação tinha dois lados: um deles, seguia por vários metros, o outro tem uma barreira feita por uma parede de tijolos, o que normalmente é usado para direcionar a água, explica o bombeiro.

Para desvendar o mistério, a prefeitura do município pretende contratar uma empresa que opera uma sonda com uma câmera, para explorar o local.

— É muito grande e muito fora do habitual. Uma rede de esgoto tem um tamanho, digamos, proporcional ao tamanho da cidade, e Ibirubá é uma cidade pequena. A espessura das paredes tinha mais de 10 centímetros de concreto bruto. Agora, vamos tentar entender onde a rede começa, onde termina, onde coletaria água — explica.

Nos últimos dias, o município de 20 mil habitantes acredita que o mistério, que perdura por décadas, está prestes a ser compreendido. Embora tudo indique tratar-se de uma antiga rede pluvial — mesmo que a prefeitura não tenha nenhum registro da construção —, a população se pergunta se a estrutura seria uma rede de túneis nazistas. A tese é defendida pelo jornalista Clóvis Messerschmidt, que há quatro anos investiga a suposta rede que teria sido usada, no passado, como abrigo e esconderijo para nazistas em fuga rumo ao Chile e à Argentina após a 2ª Guerra Mundial. 

Foto: Isadora Neumann / Agência RBS