m empresário que participou do esquema de corrupção liderado pelo ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro, Sérgio Côrtes, foi ao Ministério Público contar detalhes sobre as fraudes envolvendo licitações do Corpo de Bombeiros. Ele também falou ao Fantástico sobre como o esquema era operado.
Segundo o empresário, os equipamentos tinham de ser superfaturados para garantir o pagamento de até 15% de propina sobre o valor do contrato. As licitações envolviam as armas dos bombeiros para enfrentar incêndios e emergências, como escadas magirus, plataformas, caminhões especiais, entre outros itens caros.
“O que a gente tem diante da gente, nesse caso concreto, é uma suspeita de direcionamento de licitação, ao lado disso, uma licitação com sobrepreço, pagamentos sem cobertura contratual e há suspeita de existir pelo menos uma licitação realizada sem necessidade”, afirmou a promotora Liana Cardozo.
Segundo o empresário que deu detalhes do esquema, para participar das licitações os candidatos tinham de concordar em pagar entre 10% e 15% de propina. "Se não fizesse isso, você não participava”.
O esquema de corrupção nas concorrências começou quando o então governador Sérgio Cabral mandou concentrar todas as compras dos bombeiros na Secretaria de Saúde, e lá quem comandava o esquema era o próprio secretário de saúde, o médico Sérgio Côrtes, que já está preso.
Para poder garantir o pagamento da propina, os equipamentos podiam ser superfaturados livremente. “Eles falavam claramente ‘você pode botar o preço que você achar conveniente para que você fique confortável em pagar os15%. Então as pessoas que faziam o projeto não botavam só 15 [por cento], botavam 30, 40, e por aí íam”, afirmou o empresário.
Alguns números chamaram a atenção do MP: R$ 21 milhões na compra de uma plataforma mecânica, R$ 5 milhões por uma escada giratória e quasde R$ 1 milhão na compra de embarcações - todos preços muito acima do cobrado no mercado.
Para garantir que apenas empresas envolvidas no esquema participacem das licitações, eram incluídas especificações técnicas nos editais para limitar a concorrência.
“O que é possível verificar documentalmente é que existia a inclusão, nos editais de licitação para aquisição desses equipamentos de itens que, na prática, só poderiam ser fornecidos por uma única empresa, o que evidentemente direcionava a vencedora, a empresa vencedora da licitação”, destacou a promotora.
Segundo o inquérito, as negociações eram feitas na empresa Oscar Iskin, cujo proprietário, Miguel Iskin, também está preso por suspeita de corrupção. Ali eram definidas as empresas que quase sempre ganhavam as licitações - a Escape Solutions e Iveco Magirus.
Fonte: G1RJ / Foto: Reprodução Bom Dia Brasil