Na sexta-feira (1º), quando o Rio de Janeiro enfrentava uma situação caótica por causa da chuva, o esforço de uma equipe médica e de bombeiros foi fundamental para salvar uma vida.

“A gente já chegou com um tempo bastante nublado e chovendo. Na hora em que disponibilizaram os órgãos e saíram os receptores, eram 16h e já debaixo de bastante chuva”, relembra a enfermeira Jaqueline Baptista.

“A chuva apertou muito e as ruas começaram a encher. A gente vinha avançando, avançando, mas tivemos que encostar o carro, porque o trânsito travou, não tinha para onde andar”, conta o motorista Rômulo Ferreira.

“O nosso medo era esse: o órgão não chegar e a gente perder o órgão, porque ele tem um período de tempo, de validade. A gente ficou com medo de não dar tempo. No momento em que a gente botou o carro em cima da calçada, eu entrei em contato com a central comunicando que a gente estava ilhado”, diz Jaqueline

Eles estavam a 3,5 quilômetros do hospital, onde havia uma paciente e uma equipe médica a postos no centro cirúrgico. A médica que aguardava o rim pediu socorro aos bombeiros.

“Aí eu liguei para a comandante do quartel de Vila Isabel e ela falou: ‘Não, eu vou conseguir para você uma viatura’. Não era qualquer viatura. Precisava de um 4x4, alguma coisa que passasse ali”, relembra a nefrologista Patrícia Finni.

“Determinado momento eu percebi que não só a sirene faria a função de abrir caminho. Foi necessário que eu saísse da viatura. Eu fiz o trajeto a pé. A água estava quase na cintura”, afirma o sargento André Moura, bombeiro militar.

Os dois reproduziram para o Jornal Nacional o momento que garantiu a entrega do rim.

O trabalho de Rômulo não terminou quando a caixa saiu do carro do Programa Estadual de Transplantes do Rio. Ele teve que carregar 20 quilos nas costas: a caixa, o gelo e o órgão. Mas, ao cansar, teve a ajuda do sargento Moura, e os dois foram correndo até a viatura do Corpo de Bombeiros.

Eles chegaram no carro em menos de dez minutos, revezando o peso.

“Pensava na responsabilidade, na missão a ser cumprida, porque a gente sabia que tinha um paciente, tinha alguém esperando, e o tempo estava passando”, diz Rômulo.

E em mais cinco minutos, a picape dos bombeiros com o rim chegou ao Hospital São Francisco na Providência de Deus.

A cirurgia foi um sucesso, e, agora, Priscila Faria voltou a encarar o futuro. Ela estava no limite. Dois anos numa fila que parecia um corredor sem fim.

“Porque ficar na máquina não é fácil, não é fácil, é uma luta, só a gente sabe o quanto é difícil. Agora, com meu rim, vou poder fazer coisas que eu não fazia antes. É só vitória”, conta emocionada.

 

Vitória para a Priscila e para equipe que ajudou a salvar a vida dela.

“Graças a Deus conseguimos, e você está aí com uma nova vida”, diz Jaqueline.

“Se não fosse a ajuda deles, esse rim talvez não fosse nem chegar. E eu não estaria aqui, transplantada”, afirma a paciente.

“Estou muito feliz de ter participado disso tudo”, destaca o sargento do Corpo de Bombeiros.

“Agora, podendo te ver, eu estou arrepiado. Meus parabéns, estou vendo que está dando tudo bem, você está bem. E a vida segue. Muita saúde”, diz Rômulo.

“A gente sabia que o bombeiro ia ter dificuldade para chegar e, de repente, o bombeiro avisou: ‘Estou chegando aí’. De repente, apareceu andando e a gente perguntou: ‘O carro está onde?’. ‘Estamos com uma picape 4x4 a duas quadras para frente’. E eu peguei a caixa térmica pesada com o órgão”, conta Rômulo.

 

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