Ter, 20 de dezembro de 2011 09:10
Incêndio na Vila dos Sargentos, na zona Sul, atingiu 13 casas e deixou 30 pessoas sem moradia
Pelo menos 30 pessoas, entre adultos e crianças, ficaram sem moradia em consequência de um incêndio, ocorrido na tarde de ontem, no bairro Serraria, na zona Sul de Porto Alegre. Foram 13 casas totalmente destruídas, fazendo com que muitos moradores da Vila Terra Nostra ficassem apenas com a roupa do corpo. Segundo moradores, o fogo teria sido ateado por um homem, também residente no local, na casa onde estava sua mulher. O motivo seria o término do relacionamento. Com o aumento das labaredas, que ameaçavam atingir mais imóveis, os moradores se uniram para ajudar os vizinhos no combate ao fogo. Não há informações de vítimas fatais.
O serralheiro Luciano Gomes Prestes, proprietário de uma casa na parte de cima da vila, contou que o fogo começou por volta das 17h. Ele estava trabalhando quando foi avisado pela mulher do que estava acontecendo e voltou para casa. Segundo ele, o primeiro caminhão do Corpo de Bombeiros que entrou na viela, onde ficavam as casas que pegaram fogo, quebrou. Foi esticada a mangueira, mas os outros veículos da corporação não puderam passar. "Como uma cidade, que será uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, não nos dá segurança?", questionou o serralheiro. "Somos pobres, mas queremos viver com dignidade", assinalou.
O corre-corre entre os moradores foi grande, com o pânico tomando conta de muitos. As pessoas tentavam tirar móveis, colchões ou aparelhos eletrônicos das moradias, a maioria de madeira. O que era salvo acabava sendo deixado no pátio das casas de vizinhos. Prestes andava pela região atingida pelo fogo, falando com amigos, vendo de que forma poderia ajudar. Ele foi um dos que tomaram a iniciativa de revolver as cinzas, na tentativa de fazer um rescaldo. Um vizinho ajudou a apagar as brasas ainda incandescentes com uma mangueira. Um pouco mais tarde, mais viaturas do Corpo de Bombeiros chegavam à vila para fazer o rescaldo. Os veículos acessaram o local da catástrofe por outro lado do complexo. "Não sabemos onde estas pessoas irão dormir hoje (ontem)", lamentou o serralheiro. "Muitos estão se alojando a céu aberto. A situação é precária", afirmou.
Um pouco mais tarde, Prestes ligou para a Defesa Civil do município em busca de ajuda. Segundo ele, a instituição se comprometeu a ir até a vila e ver o que seria possível fazer. Enquanto isso, mais moradores estavam mobilizados para retirar dos escombros o que restou. "Falei a eles (Defesa Civil) existir 13 famílias desalojadas e sem ter para onde ir", contou.
Um dos moradores que perdeu tudo foi o pedreiro Eliandro Gonçalves, que ficou apenas com a roupa do corpo. Ele não teve os documentos queimados porque foi assinar a Carteira de Trabalho e os levou. Quando estava na firma, foi avisado que sua casa tinha sido atingida. Os filhos de Gonçalves não tiveram a mesma sorte. Os documentos das crianças foram incinerados. "Ficamos sem nada, sem móveis e roupas", contou o pedreiro. "Os meus filhos ainda perderam as certidões de nascimento, que estavam na bolsa de minha mulher."
Fonte: Correio do Povo Ano 117 N° 70Nota da ABERGS:
O serviço de bombeiro está cada vez mais precário na capital e cidades do interior.
A ABERGS alerta!
O enxugamento do efetivo, o fechamento de estações, a precariedade dos equipamentos e viaturas castigam o povo gaúcho.Lembramos que somente 19% das cidades gaúchas contam com este serviço. A mídia noticia vítimas fatais de incêndio e danos materiais quase que diariamente. Até quando vamos perder vidas inocentes? Como se sentem as famílias destas vítimas?Gestão própria, realizada por Comando independente do policiamento, otimização dos recursos humanos e financeiros é a solução.