O bombeiro Denilson Oliveira, 30 anos, pai da menina de um ano e cinco meses levada com o ladrão que roubou o carro da família no domingo (20) em São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre (RS), conta que viveu a hora mais longa de sua vida enquanto não sabia o paradeiro da filha. O bebê foi encontrado sem ferimentos, em sua cadeirinha, dentro do carro, abandonado em frente ao batalhão da Polícia Militar (PM) da cidade.

Antes da localização, houve grande mobilização de policiais na cidade. A PM enviou às ruas até o efetivo que fazia o trabalho administrativo, sobrevoou a cidade com helicóptero e ainda recebeu a ajuda de bombeiros, colegas do pai da menina, que percorreram ruas.

Confira a entrevista:

Como foi o momento do roubo?

Minha esposa havia ido ao Centro, na cantina da escola em que trabalha. Quando foi entrar no estacionamento, teve de descer do carro para abrir o portão e um indivíduo correu em direção ao interior do veículo, que estava aberto e ligado. Minha esposa tentou ainda entrar no carro, jogou-se contra ele, pensando em nossa filha que estava no banco de trás, só que o cara a empurrou para fora e empreendeu fuga em direção ao Centro. Aí teve a mobilização. Graças a Deus que a Brigada Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, todos os órgãos agiram integradamente nas buscas e o carro foi encontrado em frente ao 25º Batalhão de Polícia Militar (São Leopoldo), abandonado, com a minha filha dentro.

Depois do roubo, o que a família fez?

Depois disso, os populares que estavam presentes já tinham ligado para a Brigada. Até quem estava em casa, nos apartamentos, acompanhando a ocorrência nos apartamentos da via, já tinha comunicado o policiamento. Em poucos instantes, os policiais chegaram.

Quantas horas a sua filha ficou em poder do criminoso com o carro?

Não consigo precisar, porque estava de plantão, no quartel de Portão, trabalhando. Não consegui detalhar ainda o momento exato do roubo até aquela hora que a encontrei. Acredito que tenha sido entre às 13h e 14h, do fato até recuperarmos nossa filha. Uma hora longa, muito longa, pra quem tá na situação de pai e mãe. A hora mais longa da minha vida.

Qual o sentimento que fica após tudo isso?

Não sei explicar exatamente o sentimento. Já trabalhei durante seis anos no policiamento, e agora estou há três nos bombeiros. Hoje acabei sendo mais uma vítima do sistema, então pra mim é algo diferente. Sempre tive acostumado a estar do outro lado do balcão, na linha de frente, protegendo as pessoas e salvando vidas. Hoje, me vi na situação de vítima.

Como estão sua esposa e sua filha?

Estão bem, graças a Deus. Estão repousando. Boa parte da família está aqui na nossa casa, vieram prestar solidariedade e apoio.

O que os médicos falaram sobre sua filha no hospital?

Nós levamos ela e lá constatou-se que não sofreu lesão alguma. Só minha esposa que acabou sendo empurrada para fora do veículo, caindo no chão. Eu também estava fazendo buscas nas periferias da cidade com minha moto e acabei caindo. Mas graças a Deus, tudo certo.

No momento em que caiu, sua filha estava desaparecida ainda?

Caí quando ela já estava sã e salva. Foi quando recebi a notícia, fui me dirigir ao batalhão, acabei ficando nervoso com o desfecho.

O que fica de lição desse fato que vocês enfrentaram hoje?

Cada vez mais estar atento aos mínimos detalhes, entrando em casa, saindo de casa. Até porque de sexta para sábado, sofremos um furto no nosso pátio. Levaram alguns objetos de um dos nossos carros. Então, foi um final de semana bem atípico. Fica a reflexão da prevenção para que nada de mal aconteça, ou para minimizar os problemas.

O que levaram de vocês na sexta?

Na madrugada de sábado, furtaram um notebook que estava no interior de um dos nossos veículos e hoje [domingo] essa ocorrência. Graças a Deus está todo mundo bem e vivo. Quero agradecer profundamente aos policiais que nos ajudaram, que mesmo em situações adversas que vivem no Estado. São servidores que trabalham da melhor maneira possível. Pude ver o desempenho excelente da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros. Desejo que nenhum pai passe pelo que passamos.